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INSS: Benefícios concedidos caem 6,2% em 2020, pós-reforma da Previdência

Com fixação de regras que exigem idade mínima, benefícios recuam no período; fila de pedidos encerrou o ano com 1,7 milhão de pessoas aguardando resposta

Por Larissa Quintino Atualizado em 16 fev 2021, 21h25 - Publicado em 16 fev 2021, 10h02

As alterações nas regras da Previdência Social fizeram com que o número de benefícios concedidos pelo INSS caíssem 6,2% em 2020. A reforma da Previdência, dentre as mudanças estruturais planejadas pela equipe econômica do governo Bolsonaro, é até o momento a única a sair do papel, tendo sido aprovada em 2019. No mesmo ano, houve crescimento de 1,3% nas concessões. Os dados são do Boletim Estatístico da Previdência Social, divulgado pelo Ministério da Economia na última sexta-feira, 12.

A principal mudança trazida pelo texto foi a fixação de idade mínima para aposentadoria. A intenção é que os trabalhadores passem mais tempo no mercado de trabalho recolhendo a contribuição e comecem a receber os benefícios mais tarde. Com isso, a figura da aposentadoria por tempo de contribuição – que não é contada a idade do segurado e sim o tempo trabalhado – será extinta após o período de transição. Anualmente, até 2033, as regras progridem até chegar em uma única norma: exigência de 65 anos de idade para os homens e 62 anos para as mulheres, com ao menos 15 anos trabalhados.

Com um ano completo a partir das mudanças, já que a Emenda Constitucional passou a valer em novembro de 2019, agora é possível ver alguns movimentos trazidos pelas alterações de regras.  A aposentadoria por idade, por exemplo, equivaleu a 5,37% dos benefícios concedidos pelo INSS em dezembro de 2020. No mesmo período de 2019, o número foi de 10,88%.

O que também aumentou em 2020 foi o número de negativas de benefícios previdenciários.  No total, 4,465 milhões solicitações de benefícios do INSS foram reprovadas pelo órgão em 2020. Anteriormente, o recorde de negativas era de 2019, quando 4,2 milhões de benefícios foram rejeitados. Em 2020, o número de negativas foi 6,2% maior.

Nos dez anos seguintes à aprovação, o governo estima economizar 840 bilhões de reais no pagamento das aposentadorias, levando em conta também as mudanças para o funcionalismo público. No ano passado, esse valor ficou em 8,5 bilhões de reais. Conforme as regras de transição progridem, aumenta o retardo de pessoas entrando no sistema e cai a despesa do governo. O ajuste ganha ainda mais importância após um ano de elevação nos gastos públicos. Em 2020, as despesas extras por causa do coronavírus custaram 620 bilhões de reais aos cofres públicos.

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Nos dados divulgados na última sexta-feira, 16, também há influência direta do contexto atual — a crise sanitária trazida pelo novo coronavírus. No último mês do ano, 45,46% dos benefícios concedidos foram de auxílio doença. Em dezembro de 2019, o benefício também era o mais concedido, mas representava 39% do total.

Fila

A lentidão para concessão de benefícios previdenciários também marcou 2020. Antes do início da pandemia, o governo federal anunciou a convocação de servidores aposentados do INSS e militares da reserva para ajudarem na vazão dos benefícios, mas a fila continua bem grande. Em dezembro de 2020, 1.760.368 de pedidos aguardavam para a concessão. Desses, 1,273 milhão dependem de análise do INSS enquanto 486 mil aguardam regularização dos segurados. Por lei, o prazo para concessão dos benefícios é de 45 dias e, ao fim do ano, 1,2 milhão dos pedidos estavam acima deste prazo.

O programa de reforço ao INSS custa cerca de 3 milhões de reais por mês, aumentando o vencimento de militares da reserva. Porém, não destravou a fila. Em março, antes do programa começar a valer, 1,282 milhão de benefícios aguardavam o INSS. O recuo do estoque foi de 0,7% na comparação entre os dois períodos.

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