Inflação sobe 0,12% em julho influenciada pelo preço da gasolina
IPCA passa a acumular alta de 3,99% em 12 meses; foi a primeira aceleração do indicador mensal desde fevereiro
A inflação oficial do mês de julho foi de 0,12%, acima da deflação de 0,08% de junho, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, 11. Apesar do resultado próximo da estabilidade, é a primeira vez desde fevereiro que a inflação acelera na comparação mensal. Em janeiro, o IPCA registrou 0,53% de variação e em fevereiro, de 0,84%. Desde então, o indicador vinha em desaceleração, tendo chegado a deflação de junho.
Na mediana, analistas do mercado financeiro consultados pela Bloomberg esperavam uma aceleração, mas em magnitude menor, de 0,08%.
No ano, o IPCA acumula alta de 2,99% e, nos últimos 12 meses, de 3,99%, acima dos 3,16% observados nos 12 meses imediatamente anteriores — mas dentro do teto da meta, que vai até 4,75%. Em julho do ano passado, a variação havia sido de -0,68% — primeira deflação após o corte em impostos nos combustíveis, promovido pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Neste mês, foram justamente os combustíveis, em especial a gasolina, que contribuíram para a aceleração. “No mês passado, houve reduções aplicadas nas refinarias. A alta de julho capta a reoneração de impostos, com a volta da cobrança da alíquota cheia de PIS/COFINS”, afirma André Almeida, gerente do IPCA.
Uma aceleração da inflação no segundo semestre era esperada por analistas e pelo Banco Central justamente pela diluição do efeito da desoneração dos combustíveis, que contribuiu para uma inflação mais baixa. A recomposição da alíquota foi feita em dois momentos, voltando a integralidade, no caso dos impostos federais, em julho deste ano. O mercado financeiro e especialistas alertam que a gasolina continua sendo um risco para a inflação, já que há uma defasagem de quase 20% em relação ao mercado internacional desde a mudança da política de preços da Petrobras.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco tiveram alta no mês de julho. A maior alta foi justamente de transportes, com variação de 1,5% e impacto de 0,31 ponto percentual. Além da gasolina, que subiu 4,79%, houve alta nos demais combustíveis como gás veicular (3,84%) e no etanol (1,57%), enquanto o óleo diesel caiu 1,37%. As altas da passagem aérea (4,97%) e do automóvel novo (1,65%) também contribuíram para o resultado do grupo.
Pelo lado das quedas, no grupo Habitação (-1,01%), a energia elétrica residencial (-3,89%) apresentou o impacto negativo mais intenso do mês (-0,16 p.p.). “Houve incorporação do Bônus de Itaipu, creditado integralmente nas faturas emitidas no mês de julho”, explica Almeida.
Já a queda no grupo Alimentação e bebidas (-0,46%) foi influenciada, principalmente, pelo recuo nos preços da alimentação no domicílio (-0,72%), que já havia apresentado resultado negativo em junho (-1,07%). Entre os produtos, destacam-se feijão-carioca (-9,24%), óleo de soja (-4,77%), frango em pedaços (-2,64%), carnes (-2,14%) e leite longa vida (-1,86%). “De maneira geral, podemos dizer que essas quedas estão relacionadas a uma maior oferta dos produtos”, destacou Almeida.
Semestre
No acumulado de janeiro a julho de 2023 (2,99%), o subitem de maior impacto foi a gasolina, com variação de 11,64% e contribuição de 0,54 p.p. Entre os alimentos, o maior impacto no ano veio da alimentação fora do domicílio, com variação de 3,63% e contribuição de 0,21 p.p. Destaca-se também a alta do leite longa vida, com variação de 7,13% e impacto de 0,06 p.p. Por outro lado, as carnes (-7,9% e -0,23 p.p.), a cebola (-42,42% e -0,11 p.p.) e o óleo de soja (-28,12% e -0,09 p.p.) tiveram as principais quedas em 2023.
Em relação ao acumulado nos últimos 12 meses, que acelerou de 3,16% em junho para 3,99% em julho, Almeida relembra as três deflações consecutivas observadas em julho, agosto e setembro de 2022: “saiu a queda de -0,68% de julho de 2022 e entrou a alta de 0,12% de julho de 2023”, explica.
Regionalmente, treze das dezesseis áreas pesquisadas apresentaram alta em julho. A maior variação foi em Porto Alegre (0,53%), em função da alta do preço da gasolina (6,98%). Já a menor variação foi em Belo Horizonte (-0,16%), influenciada pelas quedas de 17,50% em ônibus urbano e de 4,30% na energia elétrica residencial.