Inflação na indústria varia 0,66% em setembro, 8ª alta consecutiva
Índice que calcula a variação dos preços na porta da fábrica acumula alta de 6,06% em 12 meses
O preços da indústria nacional subiram 0,66% em setembro, oitava alta mensal consecutiva. Segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 30, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) acumula alta de 6,06% em 12 meses, enquanto o acumulado no ano ficou em 5,51%. Em setembro de 2023, a taxa mensal havia sido de 1,06%.
No mês, 17 das 24 atividades industriais pesquisadas apresentaram variações positivas de preço quando comparadas ao mês anterior, acompanhando a variação do índice na indústria geral. Em agosto deste ano, 18 atividades haviam apresentado maiores preços médios em relação ao mês anterior.
“O IPP em setembro dialoga com aquele cenário que vimos em agosto, não somente pelas taxas iguais de variação (0,66%), mas também pelo fato de a principal influência para o resultado ter vindo de bens de consumo não duráveis. Assim como no mês anterior, a fabricação de alimentos foi determinante para a variação positiva de preços na indústria geral. O açúcar VHP e a carne bovina se destacaram nesse movimento de alta de preços”, explica Felipe Câmara, analista do IPP. As atividades industriais responsáveis pelas maiores influências no resultado de setembro foram alimentos (0,90 p.p.), indústrias extrativas (-0,27 p.p.), refino de petróleo e biocombustíveis (-0,13 p.p.) e papel e celulose (-0,10 p.p.). Em termos de variação, indústrias extrativas (-5,85%), alimentos (3,70%), papel e celulose (-2,99%) e calçados e produtos de couro (-2,01%) foram os destaques em setembro.
O setor de alimentos (3,70%) mostrou variação positiva pelo sexto mês seguido. O acumulado no ano está em 7,54%, diferente do que foi observado em setembro de 2023, quando a variação acumulada atingiu -5,76%. Já em relação à variação acumulada em 12 meses, o resultado de 10,92% registrado em agosto de 2024 é o maior desde agosto de 2022 (12,72%). “Essa dinâmica da indústria de alimentos pode ser explicada pela alta de preços da carne bovina e do açúcar VHP. No caso da carne, houve redução da área de pastagem, devido à seca e às queimadas dos últimos meses, acarretando diminuição da oferta de insumos para cadeias produtivas, como a da carne bovina e a do leite. O açúcar VHP, por sua vez, está inserido no contexto de um movimento sazonal. O principal período de colheita do produto está terminando. Além disso, a produção está enfrentando situações climáticas adversas que provocam uma menor oferta de cana para processamento”, acrescenta Câmara.
A atividade de indústrias extrativas (-5,85%) mostrou um comportamento negativo pela segunda vez em sequência, exercendo a segunda maior influência no resultado do IPP em setembro. “O desempenho das indústrias extrativas reflete de forma mais imediata a dinâmica da cotação do preço internacional do petróleo e do minério de ferro. Trata-se de um contexto no qual existe um equilíbrio confortável entre oferta e demanda”, observa Câmara.
Em terceiro lugar no ranking de influências em setembro deste ano, o setor de refino de petróleo e biocombustíveis (-0,13 p.p.) apresentou variação negativa de preços nesse mês (-1,27%). Isso acontece após sete meses seguidos com variações positivas. Muitos derivados do petróleo mostraram redução de preços. No entanto, aqueles que têm maior peso no cálculo do segmento (“óleo diesel” e “gasolina, exceto para aviação”, nessa ordem) não tiveram variações significativas, negativas nem positivas a ponto de figurar entre as principais influências do mês.
Felipe Câmara lembra que “a principal influência negativa na atividade de refino veio do álcool combustível. Outro destaque negativo foi o setor de papel e celulose, o que pode ser explicado pelo momento de baixa demanda pelo qual passa a celulose. Isso levou a atividade toda para baixo, apesar da alta em alguns derivados”.
Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, a variação de preços observada na passagem de agosto para setembro de 2024 repercutiu da seguinte forma: 0,17% de variação em bens de capital (BK), 0,27% em bens intermediários (BI) e 1,34% em bens de consumo (BC), sendo que a variação observada nos bens de consumo duráveis (BCD) foi de 0,58%, ao passo que nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis (BCND) foi de 1,49%.