Inflação: mercado puxa para cima previsão do IPCA para 2021 e 2022
Pela 26ª semana consecutiva, analistas ouvidos pelo BC projetam inflação maior esse ano, a 8,51%; No próximo, estimativa é de 4,14%, a 11ª revisão seguida
Analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central revisaram, mais uma vez, a previsão do IPCA, o índice de inflação oficial do país para cima. De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 4, a inflação deve encerrar o ano em 8,51%. Esta foi a 26a semana consecutiva de alta, ou seja, faz seis meses que o mercado projeta inflação crescente. Para 2022, os economistas veem o índice a 4,14%, o 11º aumento consecutivo. Há um mês, as estimativas estavam em 7,58% e 3,98%, respectivamente.
O câmbio em patamar alto, a energia elétrica mais cara, e a pressão em combustíveis e alimentos puxam o IPCA para cima. A projeção desta semana está bem acima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional para este ano, que buscava 3,75% no ano, com margem de tolerância até 5,25%. Vale lembrar que, no ano passado, a inflação ficou em 4,52%, acima da meta de 4%, mas dentro da margem de tolerância. Na sexta-feira, o IBGE divulga a inflação de setembro, que deve ter o peso do aumento da bandeira vermelha, que foi de 9 reais para 14 reais a cada 100 quilowatts/hora (kWh) consumidos. Até agosto, o IPCA acumulado em 12 meses alcançou 9,68%.
Caso a alta da inflação projetada pelos analistas ouvidos pelo BC se confirme, o indicador terá acelerado mais que em 2016, quando teve alta de 6,29%. Em 2015, a alta foi de 10,67%. No caso de 2022, a projeção também está acima da meta, de 3,50%, mas ainda dentro do teto, que vai até 5%.
Nos outros indicadores econômicos consultados aos analistas pelo BC, há estabilidade. A taxa básica de juros deve fechar 2021 em 8,25% e 2022 em 8,50%. Já o PIB deve avançar 5,04% neste ano, recuperando o tombo de 4,1% em 2020, e avançar 1,57% no próximo ano.
No caso do crescimento do país, a inflação e os juros chamam a atenção justamente em um momento de retomada econômica, após o choque sofrido no primeiro ano da pandemia. Depois de uma recuperação no primeiro trimestre deste ano, com avanço de 1,2%, o PIB estagnou no segundo trimestre, com ligeiro recuo de 0,1% no período. O dado foi resultado de problemas de estiagem afetando os agronegócios e da falta de suprimentos, causando queda na indústria, além de baixa atividade nos serviços, que tiveram recuperação mais lenta do que a esperada, apesar do avanço da vacinação. Com a instabilidade política, clima eleitoral antecipado, problemas fiscais e a taxa de juros mais alta, a recuperação econômica projetada no cenário pós-pandemia é menos otimista.