Inflação desacelera para 0,21% em junho, abaixo das projeções do mercado
Alimentos e bebidas continuaram a subir, só que em intensidade menor que no mês passado. Mercado financeiro estimava alta de 0,32%

A inflação oficial do país ficou em 0,21% em junho, uma desaceleração em relação aos 0,46% registrados em maio. Os dados são do o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quarta-feira, 10, pelo IBGE. O resultado do mês veio abaixo da expectativa do mercado financeiro, que esperava uma variação de 0,32% no período. Essa desaceleração reflete a alta menor dos alimentos e bebidas, os itens com principal peso na inflação.
No ano, a alta de preços acumulada é de 2,48% e, nos últimos 12 meses, de 4,23%. A meta para este ano é de 3%, com margem de tolerância de até 4,5%.
Como ficaram os grupos?
Em junho, os alimentos apresentaram alta de 0,44%, menor que em maio (0,62%). Na Alimentação no domicílio, os preços tiveram alta de 0,47%, também desacelerando em relação à alta de maio (de 0,66%). Entre as quedas que contribuíram para esse resultado, destacam-se a cenoura (-9,47%), a cebola (-7,49%) e as frutas (-2,62%). “Entre as frutas, chama a atenção o mamão, que por conta de uma oferta maior e a concorrência com outras frutas da época, teve uma queda no preço. Também a banana prata é destaque, com maior oferta, e ainda, uma perda de qualidade por conta da intensa variação de temperatura em algumas regiões produtoras”, explica André Almeida, gerente da pesquisa. A queda na cebola, complementa o pesquisador, “também se deve à maior oferta, principalmente por conta de melhores produções no Nordeste, onde houve redução de volume de chuvas e temperaturas amenas”.
Entre as altas, destaque para a batata inglesa (14,49%), o leite longa vida (7,43%) e arroz (2,25%). “No caso do leite, o clima adverso na Região Sul e a entressafra contribui para uma menor oferta, por conta da queda na produção. Já a batata também teve oferta mais restrita, mas relacionada ao final da safra das águas e início da safra das secas, que ainda não chegou a um patamar elevado”, avalia Almeida. O café moído, com alta de 3,03%, também se destacou em junho. Em valorização no mercado internacional e com redução na oferta mundial do grão, o subitem tem alta acumulada de 12,15% em 2024.
Apesar de ter o maior peso, o grupo de alimentos não foi o que mais subiu. Saúde e cuidados pessoais teve alta de 0,54% no período, influenciado pela alta dos planos de saúde, de 0,37%. “Neste caso, decorre do reajuste de até 6,91% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 4 de junho, com vigência a partir de maio de 2024 e cujo ciclo se encerra em abril de 2025. Assim, no IPCA de junho, foram apropriadas as frações mensais relativas aos meses de maio e junho”, explica o gerente da pesquisa.
Outra alta relevante no IPCA de junho foi no grupo Habitação, cujos preços subiram 0,25%. A alta da taxa de água e esgoto (1,13%) acontece após reajustes tarifários em Brasília, São Paulo e em Curitiba.
Os únicos grupos que apresentaram queda foram Comunicação, de 0,08%, e Transportes, com recuo de 0,19% nos preços após subir 0,44% em maio. No caso deste último, impactado pela redução na passagem aérea, de 9,88% e -0,06 p.p. de contribuição no índice geral. Os combustíveis tiveram alta de 0,54%, com o óleo diesel (-0,64%) e o gás veicular (-0,61%) apresentando recuo e a gasolina (0,64%) e o etanol (0,34%) com alta.