Indústria acumula seis meses de recuo com crise de suprimentos e inflação
Segundo IBGE, produção brasileira recuou 0,2% em novembro em relação ao mês anterior; no comparativo com o mesmo período de 2020, setor caiu 4,4%
A produção da indústria chegou em novembro ao sexto mês consecutivo de queda, apontou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 6. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal, o recuo no mês foi de 0,2%. Com problemas como a crise global de abastecimento de suprimentos e a inflação, que diminui renda e consumo das famílias, a indústria tem queda no dinamismo. No comparativo com o período pré-pandemia, o setor tem um recuo de 4,3%. No acumulado do ano, a alta é de 4,7%.
“Quando olhamos para o ano anterior, os resultados ao longo de 2021 são quase sempre positivos, pois a base de comparação é baixa, já que no início da pandemia a indústria chegou a interromper suas atividades, com o ano de 2020 fechando com um recuo de 4,5%. Porém, analisando mês a mês, observamos que, das 11 informações de 2021, nove foram negativas. Ou seja, o setor industrial ainda sente muitas dificuldades”, explica o gerente da pesquisa, André Macedo. No comparativo com novembro de 2020, o setor recuou 4,4%. Com o aumento do consumo durante o ano passado e a recuperação das cadeias de recuperação após a paralisação da atividade no segundo trimestre, a indústria se recuperou nos últimos meses de 2020, porém, não sustentou essa retomada no ano passado.
O pesquisador salienta que, além da falta de peças, a crise dos suprimentos também encareceu os insumos, prejudicando a produção. “Além disso, a indústria sofre com os juros em alta e a demanda em baixa, impactada pela inflação elevada e a precarização das condições de emprego, já que, com o rendimento mais baixo, o trabalhador consome menos”, avalia Macedo.
Apesar do resultado negativo no mês de novembro de 2021 frente a outubro, apenas uma das quatro das grandes categorias econômicas recuou, que foi a produção de bens e capitais. Bens intermediários ficaram na estabilidade, assim como os semiduráveis. Os não duráveis avançaram 0,5%. “Pouco menos da metade, 12 de 26, dos ramos pesquisados tiveram resultados negativos. O que é algo diferente do que vínhamos observando, ou seja, mais atividades no campo negativo do que positivo”, destaca Macedo.
Entre as atividades, as principais influências negativas vieram dos produtos de borracha e de material plástico (-4,8%), que perderam toda a expansão acumulada (3,5%) nos meses de setembro e outubro, além da metalurgia (-3,0%), que assinalou a terceira queda consecutiva, acumulando perda de 7,7% no período.