Inadimplência estaciona, mas 8 em 10 famílias têm dívidas
Segundo levantamento da CNC, 78% das famílias brasileiras tinham dívidas a vencer em janeiro; dificuldade para quitar contas antigas sobe

O endividamento das famílias se manteve estável na passagem de dezembro para janeiro, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC). De acordo com o estudo divulgado nesta quarta-feira, 8, 78% das famílias brasileiras tinham dívidas a vencer em janeiro, mesma proporção registrada no mês anterior.
O levantamento traz alguns dados positivos e outros preocupantes para a saúde financeira das famílias, e consequentemente, para o consumo no país. Do lado positivo, apenas 16,9% das pessoas com contas a vencer consideravam-se muito endividados, a menor proporção para o indicador desde janeiro de 2022. Além disso, a proporção de famílias com dívidas atrasadas caiu de 30,0% em dezembro para 29,9%. Foi o primeiro recuo do indicador após seis meses consecutivos de alta. Segundo a confederação, o aquecimento do mercado de trabalho e uma desaceleração da inflação no segundo semestre colaborou para o freio na piora do endividamento.
Do lado negativo, entretanto, quem tem dívidas antigas está com dificuldade de sair da inadimplência: de acordo com a CNC, 11,6% dos consumidores chegaram a janeiro sem condição de pagar dívidas atrasadas de meses anteriores. A parcela de consumidores que atrasaram dívidas por mais de 90 dias chegou a 44,5 % dos inadimplentes, a maior proporção desde abril de 2020.
A inadimplência foi um dos principais pontos atacados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a campanha eleitoral. Entre as promessas de campanha, havia um programa de renegociação de dívidas voltadas para famílias de baixa renda, chamado Desnerola. Segundo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a pasta deve submeter um modelo de programa de crédito ao presidente ainda neste mês.