Ibovespa otimista, mas nem tanto
Apesar de manter os 139 mil pontos, o índice é pressionado pelo exterior, pela crise de gripe aviária e no aguardo dos parâmetros macroeconômicos

O Ibovespa opera em alta nesta segunda-feira, 19, repercutindo um cenário mais positivo por aqui, e indo na contramão das principais bolsas globais. Apesar de dados e projeções mais otimistas, o índice é pressionado pelo exterior, pela crise de gripe aviária e no aguardo dos parâmetros macroeconômicos, que deve ser divulgado a tarde pelo Ministério da Fazenda.
O IBC-Br, considerado uma prévia do PIB, surpreendeu positivamente. Em março, o índice subiu 0,8% na comparação com o mês anterior, acima da expectativa de 0,5% segundo pesquisa da Reuters, e encerrou o primeiro trimestre com alta de 1,3%. O dado reforça que a economia segue com tração, mesmo diante de juros elevados, e traz algum alívio para quem acompanha o ritmo do crescimento do país. O Boletim Focus desta segunda também trouxe sinais positivos, ainda que modestos. As projeções dos analistas para a inflação em 2025 foram revisadas levemente para baixo, de 5,51% para 5,50%, ainda bem acima do teto. A mediana para o dólar em 2025 caiu de R$ 5,85 para R$ 5,82. “Pequenos ajustes, mas indicam que o mercado mantém certa confiança na trajetória de desaceleração da inflação”, diz Diego Costa, chefe de câmbio da B&T XP.
O dólar era negociado em queda, a R$ 5,65 ao meio dia. As bolsas americanas operam no vermelho repercutindo o corte da nota soberana dos EUA, passando o triplo A para AA1. “A medida não é surpresa, mas reforça o desafio do custo crescente para financiar déficits, o que pode gerar um repensar dos investidores sobre o risco americano, sem pânico, mas com atenção”, diz Costa.
No cenário doméstico, o otimismo pode se reverter. Mais tarde, o Ministério da Fazenda divulga a atualização dos seus parâmetros macroeconômicos. É um documento que, apesar da linguagem técnica, ganha destaque pela relevância política. Ele pode indicar se o governo mantém o compromisso com o equilíbrio fiscal ou se vai buscar acomodar mais gastos, algo que o mercado e os investidores vão analisar com lupa.
Além disso, a gripe aviária continua no radar do agronegócio brasileiro. Alguns países já suspenderam as importações de frango, o que pode gerar impacto pontual no setor. “Esse tipo de ruído pode acabar ampliando a pressão sobre ativos ligados ao campo”, diz Costa.