Guedes defende programa de renda com recursos de venda de estatais
Fundo de erradicação da miséria substituiria o auxílio emergencial; ministro volta a prometer benefício de até R$ 300 para quem fizer curso preparatório
Volta e meia surgem candidatos a sucessor do auxílio emergencial. Com a retomada econômica dependendo de uma volta mais vigorosa do mercado de trabalho, e esbarrando em fatores como a própria escalada da pandemia e o ritmo lento da vacinação em massa no país, a pressão por programas de renda é grande. Nesta terça-feira, 4, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender o que chamou de um “programa sustentável reforçado” para substituir o auxílio emergencial.
Após tentativas malsucedidas de se implementar o Renda Brasil, que também foi batizado como Renda Cidadã, o ministro agora avalia usar o dinheiro da venda de estatais para criar um fundo de erradicação da miséria. As sugestões anteriores tinham como escopo a reformulação de gastos sociais, como o abono do PIS e o BPC. “Podemos fazer um plano de quatro, cinco anos, vendemos empresas estatais para um fundo de erradicação da miséria. Durante dois, três, quatro anos, vou transferir propriedades, dar ativos para os mais frágeis brasileiros. Isso terá de ser um esforço conjunto com o Congresso, via PEC”, afirmou o ministro em audiência pública na Câmara dos Deputados, juntando a agenda de privatizações com o programa de renda.
Em 2020, o governo pagou cinco parcelas de 600 reais e outras quatro de 300 reais para 68 milhões de beneficiários. Após três meses sem pagamentos, o programa foi renovado no último mês de abril, mas as estimativas apontam que as novas parcelas que variam de 150 reais a 375 reais serão pagas para aproximadamente 46 milhões de pessoas. “O auxílio emergencial, quando for interrompido, tem de ser substituído por um Bolsa Família sustentável, valor mais alto que 170 reais, mas não sei se vamos chegar a 600 reais”, disse o ministro.
O governo federal ainda deve lançar um programa direcionado aos brasileiros que não possuem emprego formal e nem são cobertos por auxílios governamentais, os chamados invisíveis. Ainda durante a audiência, Guedes confirmou que vai “soltar em breve” o Bônus de Inclusão Produtiva (BIP), que deve pagar até 300 reais aos informais, com a contrapartida de que eles façam cursos preparatórios para o mercado de trabalho. O BIP deve ser direcionado aos jovens que não estudam e nem trabalham, uma vez que grande parcela dessa população ficou sem trabalho em função da pandemia de Covid-19.