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Greve dos caminhoneiros deve reduzir crescimento da economia

O PIB do primeiro trimestre subiu 0,4% em relação aos três meses anteriores, puxado principalmente pela agricultura

Por Fabiana Futema e Thaís Augusto
Atualizado em 30 Maio 2018, 14h47 - Publicado em 30 Maio 2018, 12h44

Não vai ser neste ano que o país vai retomar o crescimento econômico de forma vigorosa. Começamos o ano com uma expectativa de previsão de aumento do PIB de 3%. Essa estimativa foi reduzida para 2,5%. A greve dos caminhoneiros, que entrou no décimo dia nesta quarta-feira, deve reduzir ainda mais o fôlego da esperada recuperação.

A projeção agora é que a economia cresça pouco mais de 1,5% em 2018. No ano passado, o PIB avançou 1% após dois anos de recessão. Essa expansão representa quase uma estagnação em relação a 2017.

“Houve um período de euforia, mas aparentemente a crise deve perdurar um pouco mais, ainda mais em razão desses últimos acontecimentos”, diz Otto Nagami, especialista em finanças públicas do Insper.

O problema, segundo ele, é que o efeito da greve dos caminhoneiros não dura apenas os dez dias de paralisação. “O que acontece, quando temos uma parada geral na economia, é que a retomada fica ainda mais lenta. A parada pode ter sido de dez dias, mas a atividade demora de 20 a 30 dias para voltar à normalidade.”

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Para piorar, diz Nagami, a Copa deve colocar novo freio no ritmo de atividade do país. “Tudo para neste período, já é sabido que acontece assim”, afirmou. “O crescimento do PIB em 2,5% ficou distante agora. Minha nova projeção é de 1,6%, já computando os efeitos da greve dos caminhoneiros.”

Para Silvia Matos, coordenadora do boletim macro do Ibre/FGV, o PIB vai incorporar não apenas os efeitos temporários da paralisação, mas outros de longo prazo, como a taxa de câmbio e confiança do consumidor.

No curto prazo, segundo ela, o efeito mais relevante da greve é sobre o choque de oferta dos preços, que se tornam inflacionários. “Isso vai comer a renda das famílias. Hoje, a previsão para inflação é de 3,8%.”

No início do ano, segundo ela, a perspectiva era de uma alta da inflação mais próxima de 3% do que de 4%. “É uma mudança muito grande em cinco meses. Estamos indo para esses números piores, influenciado também pelo setor de serviço que está crescendo menos, contratando menos e limitando o emprego para vagas mais precárias. A taxa de desemprego recuar não é necessariamente nobre”.

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Para Silvia, a eleição presidencial deste ano é outro fator que influencia o crescimento da economia. “As eleições estão mais incertas, o governo atual não tem muita popularidade. Essa incerteza limita o investimento”.

Segundo Silvia, a expectativa é de que o consumo das famílias cresça 2,8% ao final do ano. “Não é uma visão otimista, mas sabíamos que não ia crescer como o ano passado, quando foi liberado o saque do FGTS”.

Para ela, o Brasil está crescendo “devagar e sempre”. Entre 2015 e 2016, quando o país entrou em recessão, o PIB acumulou queda de 8,2%, segundo a coordenadora do Ibre/FGV. No período, a economia cresceu apenas 2,7%. Ela prevê que a economia cresça 1,9% em 2018 – a estimativa anterior era de 2,3%.

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