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Governo argentino mostra desgaste por manutenção de modelo econômico

Por Da Redação
18 mar 2012, 13h52

Buenos Aires, 18 mar (EFE).- Cem dias de governo bastaram para que Cristina Kirchner comece a sofrer com o desgaste de seu novo mandato e aflorem as contradições de um modelo que permitiu altas taxas de crescimento na Argentina, mas não freou a inflação nem limitou os gastos públicos.

A presidente completará nesta segunda-feira os primeiros 100 dias do novo governo com novos problemas que requerem saídas a curto prazo. Entretanto, analistas consultados pela Agência Efe concordam que os argentinos encaram este período como um prolongamento dos quatro anos de seu primeiro governo e inclusive do período em que seu falecido marido e antecessor, Néstor Kirchner, comandou o país.

O escândalo de corrupção que envolve o vice-presidente, Amado Boudou, a péssima atuação no acidente de trem que custou a vida de 51 pessoas em Buenos Aires em fevereiro e as contradições de seu modelo econômico ‘nacional e popular’ contribuíram para desgastar a imagem de Cristina Kirchner.

A inflação, com taxas de 20% segundo cálculos privados que o Governo se nega a reconhecer, o distanciamento da poderosa Confederação Geral do Trabalho (CGT) e a retirada de subsídios ameaçam complicar o mandato da presidente.

Ao iniciar seu segundo governo, em dezembro, Cristina prometeu ‘sintonia fina’ na economia, um termo que, na prática, se traduziu em ajustes após nove anos de crescimento a taxas de 8%, que em 2012 devem cair para 5%.

A fuga de capitais alcança os US$ 21 bilhões, as importações para atender a demanda energética superarão os US$ 9 bilhões e os vencimentos de pagamentos chegarão aos US$ 11 bilhões.

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‘Os principais problemas da Argentina são a inflação, a contínua saída de capitais e a falta de investimentos’, disse à Efe Fausto Spotorno, economista-chefe do Centro de Estudos Econômicos Orlando Ferreres.

‘São fatores suficientes para explicar uma mudança de tendência contra o Governo, que apesar de tudo mantém a mesma iniciativa política, ou seja, uma coalizão suficiente para impor rapidamente seus projetos no Congresso, que é somada com a desarticulação da oposição’, opinou o analista Rosendo Fraga.

Cada vez mais distantes estão as celebrações pelo triunfo eleitoral com um arrasador 54% em dezembro, que terminou de desarmar a debilitada oposição argentina.

Nestes 100 dias, a imagem da presidente caiu entre 17 e quatro pontos, segundo diferentes consultorias, o que mostra um desgaste significativo que Cristina tenta frear com mensagens que apelam à unidade e ao nacionalismo, como a reivindicação pela soberania das ilhas Malvinas, nas vésperas do aniversário de 30 anos da guerra com o Reino Unido.

Este assunto ‘deixa a oposição com pouco espaço para a crítica, mobiliza popularmente e gera certo grau de coesão social’, explica Rosendo Fraga.

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A presidente também apela ao nacionalismo em sua estratégia contra a YPF, controlada pela espanhola Repsol, e nos argumentos para justificar as restrições às importações que fizeram acionar os alarmes dos setores empresariais.

Segundo o analista Fabián Perechodnik, da empresa de consultoria Poliarquia, o desgaste da presidente entra dentro do previsível após quatro anos e 100 dias de governo.

‘Para a opinião pública, é um Governo de continuidade e ela o coloca também dessa forma, em cada discurso’, afirmou o analista, convencido de que a queda em sua imagem é natural, após o período eleitoral, no qual Cristina tinha superado os 60% de imagem positiva.

No entanto, Perechodnik reconheceu à Efe que a avaliação dos políticos depende muito da evolução econômica e das consequências das últimas medidas adotadas pelo Governo que ‘ainda não impactaram diretamente’ na maioria dos eleitores.

Também para Fraga, ‘o que determinará se continuará ou não a mudança de humor social no segundo trimestre do ano, será em que medida as restrições econômicas serão percebidas pelas pessoas’. EFE

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