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Gasto com comida subiu e já toma um quinto do orçamento do brasileiro

Proporção das despesas das famílias com alimentos subiu de 16% para perto dos 20% desde a pandemia, de acordo com a FGV

Por Juliana Elias Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 fev 2025, 15h23 - Publicado em 28 fev 2025, 12h48

As famílias brasileiras estão perdendo uma parte maior do orçamento da casa com a conta do supermercado desde a pandemia, quando os preços dos alimentos dispararam — e esta é uma das várias razões ligadas à incômoda e persistente inflação dos alimentos que o Brasil vive hoje e que está tendo efeitos diretos nos recordes de desaprovação do presidente Luis Inácio Lula da Silva, conforme mostra reportagem desta semana da revista VEJA.

A proporção dos gastos das famílias com alimentação passou as duas décadas entre 2000 e 2020 flutuando em torno dos 16%, em uma banda entre os 15%, nos melhores momentos, e os 17%, nos piores. Apenas em 2016, quando a inflação do país desandou e os preços dos alimentos também dispararam, isso chegou a bater nos 18%, para depois voltar a ceder.

Desde os primeiros choques da pandemia em 2020, porém, isso mudou de nível e saltou para a faixa dos 20%, em que vem gravitando desde então. No levantamento mais recente, em dezembro de 2024, estava em 19,4%, depois de ter chegado ao pico de 20,6% em 2022. Os dados fazem parte do Índice de Preços dos Gastos Familiares, ou IPGF, um índice alternativo de inflação elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Diferentemente do IPCA, o índice de preços de referência do país, calculado pelo IBGE, o IPGF considera também como as famílias vão adaptando seu consumo conforme os preços mudam. As informações são extraídas dos próprios resultados trimestrais do PIB, que detalham com quais categorias (alimentação, habitação etc.) o consumo das famílias do país está sendo gasto. A partir disso, os pesos de cada grupo vão sendo atualizados para o cálculo da inflação final.

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“Como o custo da alimentação tem subido mais que a renda, ela ganha peso, e isso começa a tirar o conforto das pessoas”, diz André Braz, coordenador dos índices de preços da FGV. “A classe média vai enxugando outros serviços, como o clube ou o plano de saúde, e as classes mais baixas, que são a grande maioria no Brasil e não têm onde cortar, começam a comer menos ou comer pior.” Atualmente, a inflação dos alimentos roda na faixa dos 7%. Nos cinco anos desde o início da pandemia, em 2020, ela acumula alta de 56%, enquanto o rendimento médio do brasileiro, de 3.400 reais atualmente de acordo com o IBGE, subiu 42%.

Inflação dinâmica

O IPGF foi criado em 2023 pela FGV, justamente para oferecer uma referência alternativa e mais dinâmica ao IPCA em meio aos choques de preços que vieram com a pandemia. A ideia é replicar a mesma metodologia usada em índices importantes como o PCE, indicador de inflação alternativo dos Estados Unidos e que é o mais utilizado pelo banco central norte-americano, o Federal Reserve (Fed), para decidir os juros do país, justamente por conta da dinâmica mais parecida aos gastos reais das pessoas.

Eles acompanham como os consumidores vão rearranjando suas despesas e tentam captar o chamado “efeito substituição”, que é o comportamento natural das pessoas de irem abandonando ou trocando itens mais caros por similares mais baratos. É por essa razão que, no geral, essas tipos de índices “ajustáveis” costumam indicar inflações mais baixas do que os índices padrão, como o IPCA ou PCE nos EUA — e, portanto, facilitar a tarefa de mantê-la na meta e permitir ao banco central trabalhar com juros mais baixos. Nos Estados Unidos, por exemplo, o PCE, divulgado nesta sexta-feira 28 pelo governo, chegou a 2,5% em janeiro, enquanto o índice tradicional, o CPI, está em 3%. A meta de inflação do país é 2%.

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