Gabriel Galípolo descarta mudança na meta de inflação de 3%
O presidente do Banco Central afirmou que não há "bala de prata" ou "vitória por ippon" para corrigir distorções na política monetária
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, defendeu em audiência na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 9, que não há margem para discutir a mudança da meta de inflação, em 3% neste e no próximo ano, pois a medida teria efeitos negativos. Para ele, entrar nesse debate seria sinalizar que o Brasil está confortável em ter uma moeda que se desvaloriza em níveis mais elevados.
“Falar em mudar a meta é mostrar que o país está confortável com uma moeda que perde mais valor ano a ano. Ninguém vai segurar um ativo que desvaloriza. E não há nada mais danoso para a sociedade do que destruir a moeda. É uma instituição que depende de credibilidade”, disse Galípolo durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) na Câmara.
Galípolo afirmou ainda que o que o BC busca é a meta de inflação e que a margem de tolerância, de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, serve apenas para absorver fenômenos não esperado. “A banda da meta é para absorver choques. A meta de inflação é 3%”, reforçou o presidente do BC.
O IPCA acumulado nos 12 meses encerrados em maio está em 5,32%. No atual ritmo, o Brasil ficaria três anos sem cumprir a meta de inflação, por isso é importante a convergência, explicou Galípolo.
O presidente do BC, no entanto, explicou que há fatores no Brasil que levam a distorções que fazem com que o alcance da política monetária seja menor, a ponto do país ter registrado a menor taxa de desemprego da história mesmo com a Selic, a taxa básica de juros, a 15% ao ano. Como exemplo dessas distorções, ele cita as taxas de juros subsidiadas.
Para Galípolo, é preciso um caminho para a normalização da política monetária no Brasil, mas que isso não será feito com uma única medida. “Não vai ter uma bala de prata, não vai ter uma vitória por ippon. A gente vai ter que fazer uma série de medidas para a gente poder, desmontando um pouco dessas vacinas, que são compreensíveis”, diz ele. Ippon é uma expressão do judô que indica o golpe definitivo que encerra a luta.