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Fusão entre Oi e Portugal Telecom cria gigante de R$ 40 bi

Multinacional resultante do negócio terá 100 milhões de clientes - e elevado endividamento. Ações da Oi chegaram a subir 10% na Bovespa após o anúncio

Por Da Redação
2 out 2013, 12h50

A fusão entre a Oi e a Portugal Telecom, anunciada nesta quarta-feira, vai criar uma empresa multinacional com receita conjunta estimada em 40 bilhões de reais e cerca de 100 milhões de clientes: a CorpCo, com sede no Rio de Janeiro. O anúncio ocorre pouco tempo após a Oi ter feito grande corte em sua política de dividendos, pressionada por uma dívida líquida de quase 30 bilhões de reais e pela necessidade de acelerar os investimentos no país.

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Considerando os dados de 2012, o faturamento das empresas totaliza 37,453 bilhões de reais, segundo apresentação da Oi enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) soma 12,77 bilhões de reais. A Oi informa que a nova empresa terá uma dívida líquida de 41,2 bilhões de reais, com uma relação dívida líquida/Ebitda de 3,3 vezes – o que ainda é considerado alto por analistas.

O anúncio de fusão ocorre cerca de três anos após a entrada da Portugal Telecom no capital da Oi, que vendeu sua participação na operadora móvel brasileira Vivo em 2010 para a espanhola Telefónica. Depois da conclusão do negócio, os acionistas da Portugal Telecom terão entre 36,6% e 39,6% da CorpCo, com a maioria do capital nas mãos de investidores brasileiros, entre eles o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e grandes fundos de pensão. A transação prevê a incorporação da Portugal Telecom pela CorpCo e simplificará a complexa estrutura societária atual das duas empresas. O novo grupo terá capital pulverizado, sem a figura de grupo de controle.

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Negociações – Especulações sobre a mudança de controle na Oi ganharam corpo depois que o conselho de administração da Telemar Participações, empresa controladora da Oi, confirmou que o então presidente Francisco Valim Filho deixaria o cargo. A notícia havia sido antecipada pela coluna Radar, de Lauro Jardim, em janeiro deste ano. Em seu lugar assumiu Zeinal Bava.

Pouco depois, a coluna também antecipou que os empresários Carlos Jereissati e Sérgio Andrade, dos grupos Jereissati e Andrade Gutierrez, iniciaram negociações para a venda dos suas participações na Oi – de 19,35% cada um – para a Portugal Telecom, dona de 12,07% da holding. As conversas entre os grupos tiveram início em dezembro, em Lisboa. A coluna informou ainda que o BTG Pactual estava intermediando a negociação e que o valor total do acordo poderia chegar a 2 bilhões de reais.

Mercado – A operação é anunciada cerca de uma semana depois que a espanhola Telefónica fechou acordo com os outros acionistas da holding controladora da Telecom Italia para aumentar participação no grupo italiano. No Brasil, a Telefónica controla a Vivo e a Telecom Italia é dona da TIM Participações, ambas rivais da Oi.

Também acontece no mês seguinte a um importante movimento no setor de telefonia nos Estados Unidos: a Verizon Communications fechou a compra dos 45% restantes da Verizon Wireless que pertenciam à britânica Vodafone por 130 bilhões de dólares. “Nosso setor é expoente máximo da globalização. Vamos criar hoje uma empresa com ambição global. Se isso não for feito, será difícil manter competitividade”, disse Bava a jornalistas, quando perguntado sobre os recentes eventos de fusões e aquisições na indústria.

Segundo o presidente do novo grupo, Oi e Portugal Telecom já têm 80 iniciativas de sinergia, entre elas ações específicas no relacionamento com fornecedores, qualidade de serviço, investimentos previstos e gestão financeira. Segundo o executivo, as ações criarão uma empresa com perfil operacional e financeiro mais atrativo.

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“Vamos juntar o expertise de Portugal e os desafios de escala no Brasil. Temos foco no aumento da produtividade e eficiência para corrigir o cash flow (fluxo de caixa)”, disse. O executivo explica que a empresa vai ajustar seus investimentos em Portugal, mas não cortá-los. Segundo ele, a maior parte dos investimentos previstos na PT já foi realizada. Segundo ele, o governo português foi “apropriadamente informado”. Perguntado sobre possíveis demissões, Bava afirmou que a fusão não deve provocar demissões e sim, mais trabalho porque elas operam em diferentes mercados. “A nossa sinergia tem muito a ver com melhores práticas e isso não trará um reflexo significativo nesse caso”, disse. A empresa já havia anunciado, porém, cortes de 400 funcionários até o final do ano em Portugal.

Governo – O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que a união de Oi e Portugal Telecom é “a consolidação de uma estratégia que já vinha se desenhando”. A Portugal Telecom entrou no capital da Oi e em seu bloco de controle em 2010, após ter vendido a participação que tinha na Vivo para a Telefónica.

Oi e Portugal Telecom esperam ter as autorizações regulatórias para a união no quarto trimestre deste ano, com o aumento de capital da Oi e a conclusão do negócio ocorrendo na primeira metade de 2014.

Uma fonte da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) disse à Reuters que a aprovação do negócio deverá “ser simples”, por ter pouco efeito do ponto de vista concorrencial. “Não há sobreposição. A Portugal Telecom já era uma das controladoras (da Oi)”, disse a fonte da agência. A transação precisará ser aprovada também pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Bovespa – Na bolsa paulista, as ações preferenciais e ordinárias da Oi avançavam 10% e 7% às 12h01, respectivamente, enquanto o Ibovespa subia 0,44%. As ações da Portugal Telecom na Bolsa de Lisboa chegaram a disparar mais de 20%, mas reduziram a alta para 6,7%.

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(Com Estadão Conteúdo e agência Reuters)

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