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Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer: carro voador irá decolar em 2024

Presidente da companhia brasileira fala sobre a nova fase da empresa, que inclui o desenvolvimento de veículos para os céus e os mares

Por Juliana Machado Atualizado em 3 jun 2024, 16h38 - Publicado em 31 Maio 2024, 06h00

A Embraer começou o ano com o pé direito. Os resultados financeiros melhoram, novas encomendas de aeronaves foram recebidas e a cadeia de suprimentos, embora ainda com problemas, entrou no caminho da normalização. Na entrevista a seguir, o presidente da empresa, Francisco Gomes Neto, fala sobre as perspectivas para 2024, detalha alguns projetos para o futuro e revela que o protótipo do eVTOL, o aguardado carro elétrico voador da companhia, deverá decolar ainda neste ano.

A falta de peças na cadeia de suprimentos prejudicou o desempenho recente da Embraer. É possível esperar melhora nos próximos trimestres? Houve uma melhora geral na cadeia de suprimentos global em 2023, mas ainda há desafios em equipamentos e peças específicas que comprometem a produção de aviões. As aeronaves levam muitos meses para ser desenvolvidas e movimentadas de uma estação para outra. Sem equipamento, a linha atrasa. Agora, em 2024, a cadeia de suprimentos vai melhorar mais, mas ainda temos desafios com certos equipamentos e motores de aviões. O mercado está aumentando a produção, então nossos fornecedores estão com dificuldade de realizar as entregas nas datas que precisamos.

Qual é o tamanho da cadeia de fornecedores da Embraer? Temos fornecedores em mais de sessenta países. Fizemos um planejamento e estamos trabalhando em estreita colaboração com eles para mitigar riscos e cumprir as nossas metas. Já tivemos alguns atrasos no começo do ano, mas estamos trabalhando de perto para não comprometer nossas futuras entregas.

Quais as expectativas para os segmentos de aviação comercial, executiva e de defesa? A Embraer fez a lição de casa após a crise, recuperou a performance financeira do negócio e conta hoje com produtos modernos e competitivos. Na aviação comercial, começamos o ano bem, com uma venda importante para a American Airlines — serão entregues 133 aviões de 2025 a 2030. Vamos avançar também em várias campanhas de vendas do E2 em todas as regiões do planeta, com boa expectativa de encomendas. Na aviação executiva, tivemos um backlog (carteira de pedidos ainda não atendidos, conforme o jargão do setor) de 4,3 bilhões de dólares em 2023, apesar da falta de peças e da perda de aviões. As expectativas também são muito favoráveis, com um mix saudável nas vendas: um terço para os departamentos de voo das grandes companhias americanas, um terço para empresas que alugam aviões e um terço para pessoas. Na área de defesa, esperamos fechar contratos com Holanda, Áustria e República Tcheca.

A previsão da Embraer é entregar os primeiros “carros voadores”, os eVTOLs, em 2026. A empresa vai conseguir cumprir com as entregas? Estamos confiantes de que a Eve (empresa de mobilidade urbana aérea da Embraer) está no caminho certo para fazer a entrega dos primeiros veículos até o final de 2026. A companhia obteve significativas conquistas recentemente, como a seleção dos principais fornecedores e o início da montagem de nosso primeiro protótipo em escala real. Além disso, também realizamos um teste bem-­sucedido de nosso software de gerenciamento de tráfego aéreo urbano, o Vector, no Reino Unido. Esperamos realizar o primeiro voo de teste do protótipo ainda em 2024, enquanto preparamos as instalações para o início da produção na unidade da Embraer em Taubaté.

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Em quais outras frentes de negócio a Embraer está trabalhando? Uma frente é o Programa Fragatas Classe Tamandaré, que está em linha com o nosso plano de desenvolvimento. Trata-se de um programa da Marinha do Brasil realizado por nós em parceria com a Atech e a Thyssenkrupp Marine Systems. Do total de quatro fragatas contratadas, duas estão em processo de fabricação. Outra frente são parcerias estratégicas para abrir novos mercados, como na Índia, onde fechamos um memorando de entendimentos para explorar oportunidades de venda do C-390, que pode ir de quarenta a oitenta unidades. Em Singapura, inauguramos um simulador de voo do E2, e temos uma frente na Arábia Saudita para abrir mercados para nossos aviões.

Como está o cenário de competição para a Embraer atualmente? É desafiador. Um dos nossos competidores é a Airbus, que é de dez a quinze vezes maior e líder mundial na aviação comercial. Mas temos um produto que é mais eficiente, com corredor único e até 150 lugares, mais econômico, com bom espaço para bagagem, entrada e saída mais rápida do que em outros modelos e silencioso. Na classe executiva, temos o Phenom 300, avião leve mais vendido no planeta por doze anos seguidos, um produto muito bom e bem aceito pelo mercado.

Publicado em VEJA, maio de 2024, edição VEJA Negócios nº 2

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