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Fome atinge 33% dos lares que recebem o Auxílio Brasil

Inflação e queda na renda estão entre os motivos que fizeram a fome crescer 9% em um ano, atingindo 33 milhões de brasileiros

Por Larissa Quintino Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 jun 2022, 20h54 - Publicado em 8 jun 2022, 11h16

Um dos traços mais nefastos — e extremos — de uma crise é o aumento da fome, e esse é um tristre retrato que o Brasil está vivendo. Neste ano, 33 milhões de pessoas passam fome no país, segundo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, que foi feito pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), divulgado nesta quarta-feira. O número saltou 9% em um ano, colocando 14 milhões de brasileiros em situação de fome, um número maior que a população de países como Bélgica (11 milhões de habitantes) e Portugal (10 milhões de habitantes).

O dado alarmante escancara as consequências da crise econômica, com a inflação diminuindo a renda da população — no caso de alimentos mais caros, o efeito da inflação é maior entre famílias de baixa renda. Até mesmo em domicílios cobertos por benefícios assistenciais como o Auxílio Brasil, a insegurança alimentar cresceu. Na faixa de renda de menos de meio salário mínimo por pessoa, a fome (insegurança alimentar grave) é uma realidade para 32,7% das famílias que relataram o recebimento dos benefícios.

Segundo o economista Francisco Menezes, analista de políticas da ActionAid no Brasil, além dos efeitos da inflação e da queda da renda, a mudança nas políticas públicas para população de baixa renda ajuda a explicar o alto grau de segurança alimentar, classificadas por ele como desmonte de programas. “Em 2021, o programa Bolsa Família foi enfraquecido e depois substituído pelo Auxílio Brasil, e o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), esvaziado em seu orçamento e substituído pelo Alimenta Brasil. Também praticamente extinto foi o premiado Programa de Cisternas, diante dos cortes orçamentários que sofreu, enquanto o Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE) foi deixado à deriva durante a pandemia; e ao Bolsa Verde, que foi extinto. E desde 2019 deixou-se de contar com o controle social exercido pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), com sua extinção no primeiro dia do atual governo”, diz.

Insegurança alimentar

A pesquisa mostrou que 6 a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar. São 125,2 milhões de pessoas nesta situação, o que representa um aumento de 7,2% desde 2020. “Se compararmos com dados de 2018 (última estimativa nacional antes da pandemia de Covid-19), quando a insegurança alimentar atingia 36,7% dos lares brasileiros, o aumento chega a 60%”, afirma a pesquisa. A insegurança alimentar ocorre quando uma pessoa não tem acesso regular e permanente a alimentos: ela pode ser leve (quando há incerteza de acesso a alimentos e comprometimento na qualidade da alimentação), moderada (quantidade insuficiente de alimentos) ou grave, que causa a privação no consumo.

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