“Fintechs não sabem dar crédito”, diz presidente do Banrisul
Dirigente do banco estadual do Rio Grande do Sul avalia que a oferta de crédito pelos bancos digitais é um dos motivos de prejuízos nos balanços
O presidente do Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul), Claudio Coutinho, disse em entrevista a VEJA que as fintechs não “sabem dar crédito”. O surgimento dos bancos digitais, como Nubank, revolucionou o sistema bancário com a proposta de digitalização e com a oferta de serviços a taxa zero, mas a alta oferta de crédito é apontada como uma das razões dos prejuízos apresentados nos balanços dos bancos digitais.
O Nubank, por exemplo, registrou seu primeiro lucro no ano passado, desde quando foi fundado em 2013. O presidente, que já foi diretor financeiro no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e está no comando da instituição estadual desde 2019, comenta ainda que as fintechs destruíram a margem dos bancos. Segundo Coutinho, ao abrir mão da taxa de anuidade, a estratégia desses bancos era ganhar com quantidade. “Porém, quanto maior a quantidade, pior a conta fica, porque todo cartão emitido tem um custo que, muitas vezes, não é compensado”, diz. Sem anuidade e sem o estabelecimento para o cliente de um valor de compra para manter o cartão ativo – regras que eram bastante usadas pelos bancos tradicionais – Coutinho questiona a sustentabilidade dessas empresas no longo prazo. “Eles terão que passar por um novo aprendizado”, avalia o presidente.
O Banrisul, é um dos poucos bancos estaduais do Brasil após a onda de privatizações e fusões que abocanhou o setor. O ex-governador Eduardo Leite (PSDB) disse recentemente que é difícil para um banco estadual competir com bancos privados e que a privatização será “inevitável” caso seja reeleito, embora não haja pressa para que aconteça.