“Ficamos muito sentidos”, diz CEO da CVC sobre escândalo da 123milhas
Empresa, que entrou em recuperação judicial logo após lesar consumidores, gera temor de que seu negócio possa se assemelhar ao de pirâmides financeiras

CEO da CVC, a maior operadora de turismo no Brasil, Fábio Godinho aproveitou o escândalo da 123milhas, que entrou em recuperação judicial e lesou milhares de consumidores que compraram pacotes de viagens promocionais, para desdenhar da concorrente. “Infelizmente, a 123milhas teve esse episódio e deixou tantos brasileiros sem viajar”, disse durante encontro com políticos e empresários na Lide Brazil Conference em Milão, na Itália. A empresa, que operava em sistema de compra e venda de milhas, em modelo parecido de pirâmide financeira, nunca conquistou a plena confiança do setor, justamente por operar desse modo considerado pouco ortodoxo. “Ficamos muito sentido com isso. Por isso é importante ter marcas de confiança”, completou.
A agência de turismo on-line, líder entre as empresas que adotaram esse modelo de negócios, suspendeu a emissão de bilhetes de um de seus produtos, conhecido como “passagens promo”. O motivo alegado foi a alta demanda de consumidores que tinham comprado suas passagens havia um bom tempo e gostariam de resgatá-las agora. A empresa atribuiu a medida a “razões mercadológicas” e ofereceu o reembolso em vouchers de outros produtos — como passagens com data marcada — disponíveis em seu site, que não funcionam plenamente. Como não poderia deixar de ser, a medida revoltou consumidores, que viram o sonho de viajar cair por terra pela decisão unilateral da companhia. “Esse mercado não é para amadores e para quem se mete com pirâmides financeiras”, disse o ex-ministro do Turismo Caio Luiz de Carvalho.
Ao entrar em recuperação judicial, a maior do Brasil em números de credores, as ações e execuções contra as devedoras da empresa estão suspensas pelo prazo de 180 dias. Ou seja, o procedimento paralisa os processos que os clientes abriram para recuperar os prejuízos financeiros.