EUA e União Europeia divulgam acordo com concessões e novas exceções a tarifaço
Carros importados dos europeus podem ter redução da tarifa e aviões e medicamentos genéricos ficarão de fora da nova cobrança

Os Estados Unidos e União Europeia divulgaram nesta quinta-feira, 21, um documento com novos detalhes a respeito do acordo de negociação entre os dois lados para rever as tarifas ameaçadas pelo presidente americano, Donald Trump. No fim de julho, Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von de Leyen, já haviam anunciado uma negociação prévia para uma tarifa de 15% sobre as exportações dos europeus para os Estados Unidos, meta da alíquota inicial.
O detalhamento divulgado define que esta será a tarifa máxima aplicada pelos Estados Unidos sobre os produtos europeus, limita a ela a cobrança sobre as importações de carros, semicondutores e medicamentos, que poderiam ter taxas maiores, e deixa alguns produtos de fora da nova tarifa, caso de aviões, medicamentos genéricos e insumos químicos. Por outro lado, reforça o comprometimento da União Europeia em eliminar as tarifas que aplica sobre todos os produtos industriais que importa dos americanos, além de dar preferência a eles nas compras de uma série de alimentos e produtos agrícolas.
“Os Estados Unidos e a União Europeia concordam em considerar outros setores e produtos que são importantes para suas economias e cadeias de valor para incluir na lista de produtos sobre os quais serão aplicadas apenas as tarifas MFN”, diz o documento conjunto. A tarifa MFN, sigla em inglês para “nações mais favorecidas”, é tarifa padrão já aplicada por cada país aos diferentes produtos de seus parceiros dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC), e via de regra bem menores do que as sobretaxas que os Estados Unidos estão agora aplicando sobre elas.
Veja alguns dos principais pontos do documento:
União Europeia vai derrubar tarifas e comprar mais comida dos EUA. O bloco europeu se compromete a eliminar suas tarifas sobre todos os bens industriais dos Estados Unidos, além de dar preferência a eles nas importações de produtos agrícolas como nozes, laticínios, frutas e verduras, alimentos processados, sementes, óleo de soja e carne de porco e de bisão.
Tarifa máxima de 15%. A nova tarifa a ser aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos europeus fica limitada à alíquota máxima de 15% acordada. Caso a tarifa cobrada hoje de determinado produto já seja maior do que 15%, prevalece o valor maior.
Itens liberados da nova tarifa. Foram listados alguns produtos sobre os quais não será aplicada a nova cobrança de 15%, e que permanecerão com as tarifas atuais para entrar nos EUA: aviões a parte de aviões, produtos farmacêuticos genéricos e seus ingredientes, precursores químicos e recursos naturais não disponíveis nos Estados Unidos (incluindo cortiça). Essa lista ainda pode ser ampliada.
Redução para carros. Os automóveis importados da União Europeia serão encaixados na tarifa acordada de 15%, em lugar dos 25% que foram aplicados em nível global por meio da Seção 232, regulamento de tarifas internacionais criado por Trump em paralelo às tarifas bilaterais que tem aplicado (veja mais abaixo). A redução, entretanto, vai passar a valer quando a legislação europeia removendo as tarifas prometidas estiver pronta.
Remédios e chips com tarifa máxima de 15%: Como no caso dos automóveis, produtos farmacêuticos, semicondutores e madeira importados da União Europeia e pelos EUA também estarão protegidos da Seção 232 e têm garantidos que sua tarifa máxima será a de 15%. A Seção 232 é um processo aberto por Trump para investigar como determinados setores estratégicos estariam sendo prejudicados pelo comércio global e chegar a novas tarifas para eles. Além destes, inclui também as indústrias automotiva, siderúrgica e de aviação, e as investigações ainda estão em curso.