Estudo aponta crescimento de 70% de pessoas com fome no país
Pesquisa "Olhe para a fome" constatou 33,1 milhões de pessoas com fome em 2022, ante 14 milhões em 2020

Um estudo publicado nesta quarta-feira, 14, pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN) apontou 15,5% de domicílios com pessoas passando fome, o que corresponde a 33,1 milhões de pessoas. Em relação à pesquisa anterior, de 2020, houve um crescimento de 73,2% ou 14 milhões de pessoas. Na ocasião, 9%, ou 19,1 milhões de pessoas, estavam nesta situação.
“A nova edição da pesquisa mostra que a insegurança alimentar se tornou ainda mais presente entre as famílias brasileiras”, diz o estudo. “A continuidade do desmonte de políticas públicas, a piora na crise econômica, o aumento das desigualdades sociais e o segundo ano da pandemia da Covid-19 mantiveram mais da metade da população brasileira em insegurança alimentar, nos mais variados níveis de gravidade.”
Os dados mostram ainda que três em cada dez famílias brasileiras relataram incerteza quanto ao acesso a alimentos em um futuro próximo e estão preocupadas em relação à qualidade da alimentação no futuro imediato. Em números absolutos são 125,2 milhões nesta situação.
Em relação a 2020, esses números representam um crescimento de 7,2% e, em relação a 2018, antes da Covid-19, o aumento é de 60%. Nas regiões Norte e Nordeste, a proporção é ainda maior, de quatro em cada dez famílias, enquanto no Centro-Oeste e Sudeste, são três em cada dez. Já na região Sul, são duas em cada dez famílias com redução parcial ou severa no consumo de alimentos nos três meses anteriores às entrevistas da pesquisa.
O estudo “Olhe para a fome” foi feito entre novembro de 2021 e abril de 2022 por meio de visitas dos pesquisadores a 12.745 domicílios em 577 cidades, em todos os estados e no Distrito Federal.