‘Estamos sendo colonizados’: Especialistas criticam incentivos à geração distribuída de energia
Presidentes da Abrace e da Elera defendem uma revisão de subsídios que torne o sistema mais estável e menos pulverizado

Executivos com posições de referência no setor elétrico brasileiro abriram o Veja Fórum de Energia Elétrica, nesta segunda-feira, 29, alertando para os prejuízos causados por subsídios à geração distribuída de energia elétrica. “O setor está sendo colonizado por interesses que não são da sociedade ou do consumidor”, diz Paulo Pedrosa, presidente da Abrace, associação que representa os maiores consumidores de energia do país. Segundo a entidade, incentivos concedidos para a geração distribuída geram distorções no sistema elétrico nacional de modo a torná-lo profundamente ineficiente.
Paulo Pedrosa utiliza o exemplo dos carros elétricos e dos painéis solares adquiridos por brasileiros de alta renda para exemplificar as distorções de incentivos no sistema elétrico. “Estamos criando um modelo insano em que o brasileiro rico compra um carro elétrico importado e o carrega com um painel solar importado recebendo um subsídio de 1200 reais por mês”, diz. O subsídio adquirido pelo cidadão de alta renda, lembra o executivo, é superior aos benefícios concedidos aos mais pobres, o que reforça a distorção do sistema.
A organização do setor elétrico brasileiro do Operador Nacional do Sistema (ONS), que promove estabilidade na distribuição, parte de uma lógica de centralização e visão nacional. A geração distribuída em excesso, no entanto, vai na contramão dessa lógica, segundo Karin Regina Luchesi, presidente da Elera Renováveis. “É uma geração já representa um volume muito grande do total no país e que entra sem planejamento, sem previsão na rede elétrica”, diz. Pessoas que geram energia solar em excesso durante o dia e, com isso, ganham direito a consumir energia subsidiada durante a noite — quando a geração nacional é menor — são um exemplo dessa falta de planejamento e distorção.
Os fatos que mexem no bolso são o destaque da análise do VEJA Mercado: