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‘Estamos num ponto de inflexão’, diz diretor-executivo da SOS Mata Atlântica

Luís Fernando Guedes Pinto afirma que a expectativa de lucro começa a trazer mais braços para o esforço de restauração florestal

Por Marcos Coronato
28 jun 2025, 08h00

A ONG SOS Mata Atlântica tem conseguido mobilizar mais de quarenta empresas como parceiras, incluindo AirBnb, Bradesco, Heineken, iFood, Itaú, Scania e Ypê. Assim, vem plantando em média quase 1 000 hectares de floresta por ano nos últimos 25 anos — um trabalho impressionante, mas pequeno diante da escala do desmatamento. Há três anos na direção da SOS, o agrônomo Luís Fernando Guedes Pinto fala na entrevista a seguir sobre os desafios de preservar a floresta.

Como entender o aumento recente de área da Mata Atlântica? A maior parte da floresta que volta não está associada a uma atividade econômica. Ela está retornando em áreas abandonadas, por restrição legal ou com baixa aptidão agrícola. Temos também a criação de APPs (Áreas de Preservação Permanente) e reservas legais. Quem mais faz isso são setores do agronegócio com mais responsabilidade e muita terra — o de papel e celulose se destaca. Outra parte são iniciativas locais de ONGs e prefeituras tentando transformar uma região, criar um corredor ecológico. Tem muito a ver com ativismo ou com cumprimento de obrigações. Tudo isso dá retorno para a população na forma de serviços ecossistêmicos (como água, polinização e regulação de temperatura), sem dar retorno em dinheiro para quem investe nem para o dono da terra. Mas estamos num ponto de inflexão.

Os negócios da floresta já fazem diferença? De alguns poucos anos para cá, começamos a ter a restauração que busca retorno em dinheiro. Isso ainda é marginal, é esforço de longo prazo, mas muda uma chave. Uma vertente são as empresas do mercado de carbono. Elas trabalham em grande escala e tentam obter retorno combinando carbono e outra atividade florestal, como colher madeira. São modelos em teste, com menos de cinco anos. Outro grupo são as agroflorestas, ainda pequenas em relação à regeneração e à economia agrícola da Mata Atlântica. Mas todas as iniciativas são relevantes.

A partir dessa situação, é razoável ter boas expectativas com a floresta? Temos dados preocupantes e que dão esperança simultaneamente. Existe uma rota que leva à extinção do bioma. A Mata Atlântica pode acabar. O que sobrou está muito fragmentado e esses blocos pequenos e afastados uns dos outros são muito suscetíveis à degradação. Mas é possível reverter o quadro. Existe outra rota, de perpetuação da floresta. Temos ciência, tecnologia e capital para fazer isso. Podemos pensar numa Mata Atlântica futura saudável e funcional, prestando serviços necessários para a região onde está a maior parte da população e da economia brasileira.

Publicado em VEJA, junho de 2025, edição VEJA Negócios nº 15

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