Ego* – poder e destruição
O lado luz do “ego” é uma poderosa força transformadora da humanidade
O lado luz do “ego” é uma potente ferramenta, uma mola propulsora de nossa vontade de praticar, melhorar e vencer. Ele nos impulsiona nas mais diversas áreas – artes, ciências, tecnologias, esportes, relacionamentos, política, entre tantas outras – sendo um grande motor para o nosso desenvolvimento.
E é justamente essa força transformadora do nosso lado luz que tem impulsionado a humanidade a conquistar avanços extraordinários ao longo dos séculos, tornando a vida da população substancialmente melhor. Querem exemplos? Na saúde, o desenvolvimento de medidas preventivas e de tratamento, como vacinas e antibióticos aumentaram a expectativa de vida e reduziram drasticamente a mortalidade por doenças infecciosas. A educação, que antes era restrita às esferas mais ricas, se popularizou e muitos países universalizaram o ensino, permitindo a mobilidade social por meio da melhoria dos níveis educacionais em todas as camadas da sociedade. Já a tecnologia remodelou o nosso cotidiano no último século – difusão da eletricidade, das telecomunicações, dos meios de transporte e da própria inteligência artificial. Inclusive na política, a proliferação e o fortalecimento de regimes democráticos pelo mundo, a garantia de direitos humanos universais e a ampliação das liberdades individuais ampliaram a participação do indivíduo nas tomadas de decisão sobre suas próprias vidas.
No entanto, o lado sombrio do “ego” coexiste com o lado luz. Infelizmente, nossa história está repleta de pessoas cujos interesses destrutivos promoveram diversos conflitos e doenças, crises e sofrimento. O último século, por exemplo, foi marcado por duas grandes guerras que ceifaram milhões de vidas e deixaram marcas deletérias profundas na humanidade. Epidemias devastadoras, como a recente pandemia da Covid-19, trouxeram perdas imensuráveis e um medo generalizado que há muito tempo a humanidade não experimentava. O próprio campo tecnológico, que nos proporciona tanto progresso, também abriu caminho para novas modalidades de crimes, como ciberataques e roubos de dados, que afetam desde grandes instituições até os cidadãos comuns.
Esta dualidade entre luz e sombra é inerente à humanidade. Primeiro, precisamos reconhecer que ela existe e saber diferenciar estes lados. E, então, nos perguntar: como podemos fortalecer nossa luz e minimizar nossa sombra?
Ao longo da minha vida, testemunhei inúmeras pessoas incríveis, que realizaram feitos extraordinários, perderem-se devido ao descontrole do próprio “ego”, destruindo muito do que haviam construído.
A realidade é que poucos conseguem controlar esse “bichinho danado”, que é o “ego”. Aqueles que conseguem dão um verdadeiro show e se tornam exemplos para todos nós.
Falando por mim, faço diariamente um enorme esforço para ser humilde e não me deixar abater pelas “delícias” que alimentam meu “ego” sombra. Sei que nada (ou muito pouco) sei, que alguém sempre sabe mais que eu e que escutar, no sentido amplo da palavra, com atenção, me ensinará muito. Mas, também busco alimentar o meu “ego” luz ao saber que todos dias aprendi alguma coisa nova. Difícil dizer se esse é o caminho, mas é o que acredito!
*Utilizo “ego” neste texto no sentido popular da palavra, como equivalente de vaidade e orgulho.
David Feffer é presidente do Conselho de Administração da Suzano SA e presidente da Suzano Holding
Os textos dos colunistas não refletem necessariamente as opiniões de VEJA NEGÓCIOS
Publicado em VEJA, julho de 2025, edição VEJA Negócios nº 16
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