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Empresas pedem compromisso de candidatos com inclusão LGBT no trabalho

Pesquisas mostram que companhias mais diversificadas e inclusivas têm maiores taxas de retenção de funcionários talentosos

Por Ana Paula Machado
Atualizado em 5 set 2018, 16h22 - Publicado em 5 set 2018, 08h00

Mais de 30 empresas e organizações não governamentais, que juntas empregam cerca de 100 mil pessoas no Brasil, assinam uma carta na qual pedem que os candidatos à Presidência do Brasil reconheçam a importância da diversidade e da inclusão do público LGBT no local de trabalho. A carta foi divulgada hoje pelas organizações não governamentais Grupo Dignidade e Aliança Nacional LGBTI em conjunto com a organização Out & Equal Workplace Advocates.

Entre as empresas que assinam o documento estão os CEOs da Accenture, Braskem, Citi, Dow, GE, GOL, Google, IBM, J.P. Morgan, Kimberly-Clark, LinkedIn, Microsoft, Nike, Oracle, Uber, entre outras.

José Berenguer, CEO do banco J.P. Morgan no Brasil, disse que o documento é um alerta sobre a importância de se criar um ambiente mais diverso e inclusivo. “A diversidade é um tema muito importante e faz parte da cultura dessas empresas que assinaram o manifesto”, disse.

Segundo ele, o JP Morgan mantém há cinco anos um grupo de acolhimento, o Pride. “Também temos discussões sobre como incluir a diversidade no ambiente de trabalho, seja ela de qualquer esfera. E esse debate também é levado para fora do banco. Tentamos mostrar para outras empresas do mercado financeiro como é importante discutir o tema com os funcionários”, ressaltou o executivo.

Steve Roth, diretor da Out & Equal Workplace Advocates, afirma que o manisfesto visa mostrar as iniciativas que essas empresas têm para inclusão e retenção desses profissionais no ambiente de trabalho. “Como em outros países, as companhias no Brasil estão começando a expressar publicamente as questões que são consistentes com seus valores. As organizações que assinaram a declaração acreditam que os valores que defendem podem estar em jogo nas próximas eleições. Assim, essas empresas acreditam que é importante que os candidatos à presidência considerem a importância dos valores de diversidade, respeito e inclusão para suas empresas, seus funcionários e o país como um todo”, disse.

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Roth acrescentou que o porcentual de retenção de talentos em um ambiente mais inclusivo é enorme. Pesquisa do Credit Suisse mostrou que 73% dos profissionais LGBT têm mais chances de sair do emprego dentro de um ano quando a empresa não tem políticas inclusivas.

O representante da ONG disse que a organização Open for Business, que é referenciada no manifesto, compilou pesquisas indicando que empresas mais diversificadas e inclusivas têm maiores taxas de retenção de funcionários talentosos. “Escolhemos organizar essa iniciativa porque acreditamos firmemente que todas as pessoas merecem ser tratadas com igualdade, inclusão e respeito no local de trabalho. Sabemos que muitas corporações no Brasil compartilham esses valores e queríamos dar a elas uma plataforma para que suas vozes fossem ouvidas”, afirmou.

O escritório Mattos Filho é uma das empresas signatárias ao manifesto. José Eduardo Carneiro Queiroz, sócio-diretor do escritório, disse que assinar esse documento é uma forma de mostrar a outras empresas as iniciativas que já fazem parte da cultura organizacional dessas companhias. “Sinaliza para o ambiente externo os benefícios de ser uma empresa socialmente inclusiva. A carta é focada na retenção de talentos”, disse Queiroz.

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Segundo ele, o Mattos Filho tem há dois anos um grupo de acolhimento, o #mfriendly, em que se discute como melhorar a inclusão das minorias no ambiente de trabalho. “Temos 1.200 funcionários e mais de 200 fazem parte desse grupo. Há uma troca de informações importante dentro do escritório. A criação do #mfriendly demonstra a importância do tema para nosso escritório”, afirmou o executivo.

Queiroz acrescentou que a iniciativa visa também inspirar a rede de relacionamento do escritório e para isso há sempre um ciclo de palestras mensais para discutir a diversidade nas empresas. “Acreditamos que podemos contribuir com o debate sobre o assunto além dos limites do Mattos Filho. Por essa razão, buscamos integrar fóruns empresariais LGBTs para influenciar as lógicas institucionais, além de apoiar iniciativas que promovem os direitos humanos, como o movimento Livres & Iguais da ONU”, acrescentou.

 

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