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Em ano de pandemia, comércio cresce 1,2% no ano com estímulo ao consumo

Medidas como o auxílio emergencial ajudaram a recuperar o setor; redução do benefício e inflação o fizeram perder fôlego no fim do ano

Por Larissa Quintino Atualizado em 12 fev 2021, 18h59 - Publicado em 10 fev 2021, 09h36

O fechamento de lojas, sejam elas de shopping ou de rua, foi um baque a partir de meados de março e durante abril do ano passado. A medida tomada por governadores e prefeitos pelo país significou um choque nos negócios. Mas, mesmo em um ano tão atípico, o comércio mostrou fôlego e fechou 2020 com crescimento de 1,2%, quarto ano consecutivo de alta. O resultado mostra impacto direto do auxílio emergencial a trabalhadores informais, autônomos e microempresários, que estimulou o consumo no país. Os dados, divulgados nesta quarta-feira, 10, são do IBGE.

O benefício, que pagou 600 reais por cinco parcelas, foi reduzido posteriormente para 300 reais. E, a queda de valor foi sentida pelo comércio. Tanto que, nos últimos dois meses do ano, a variação foi negativa. O volume de vendas do comércio varejista caiu 6,1% em dezembro na comparação com novembro, quando variou -0,1%. É a queda mais intensa para um mês de dezembro de toda a série histórica, iniciada em 2000. Além da diminuição do auxílio — que deixou de ser pago em dezembro e está em negociação para renovação —  o IBGE credita a inflação dos alimentos como ponto fundamental para a diminuição no volume de vendas no fim do ano. 

O gerente da PMC, Cristiano Santos, explica como a pandemia de Covid-19 impactou diretamente a trajetória de resultados da pesquisa ao longo do ano. “As atividades tiveram dinâmicas diferentes durante o ano. Algumas foram muito afetadas pela pandemia e pelos momentos mais rigorosos de isolamento, como vestuário e combustíveis. Já outras se beneficiaram de mais pessoas em casa, como material de construção, ou não fecharam em momento algum, como hipermercados.”

Com a base de comparação muito baixa devido à queda abrupta em março e abril, o resultado do varejo foi de crescimento de maio até outubro, quando apresentou o maior patamar da série histórica, iniciada em janeiro de 2001, e ultrapassou o nível pré-pandemia, de fevereiro. “A queda em dezembro é um reposicionamento natural, já que o patamar estava muito alto”, diz o analista.

O crescimento do comércio varejista no acumulado de 2020 veio após um primeiro semestre de queda (-3,2%) e um segundo semestre de alta (5,1%). O comércio varejista ampliado apresentou a mesma dinâmica (-7,7% e 4,2%, respectivamente), mas o resultado não foi suficiente para o indicador fechar o ano com taxa positiva.

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Crescimento

O comportamento de consumo do brasileiro mudou durante o ano de pandemia, e isso influencia diretamente no resultado dos setores do varejo. Com mais tempo em casa devido à crise sanitária, os gastos com alimentos, reformas e saúde subiram e movimentaram os setores envolvidos. No acumulado de 2020, cinco de dez atividades tiveram alta: material de Construção (10,8%), móveis e eletrodomésticos (10,6%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (8,3%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (4,8%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,5%).

Por outro lado, livros, jornais, revistas e papelaria (-30,6%), tecidos, vestuário e calçados (-22,7%), automóveis, motos, partes e peças (-13,7%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-16,2%) e combustíveis e lubrificantes (-9,7%) fecharam o ano em queda.

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