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Dólar, bolsa e juros: os detalhes do efeito do ‘tarifaço’ de Trump para os mercados

Mercados refletem especulações sobre o futuro dos Estados Unidos e do mundo, mas impactos são diferentes para cada ativo

Por Juliana Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 abr 2025, 20h19 - Publicado em 3 abr 2025, 15h30

A imposição das tarifas comerciais recíprocas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está provocando uma reação direta dos investidores em diversos mercados e classes de ativos, motivados, de um lado, pela busca por proteção contra ativos americanos e, por outro lado, refúgio em mercados e ativos considerados mais seguros ou com melhor custo de oportunidade – e o Brasil não está fora da equação.

Depois de trabalhar no azul durante a maior parte do dia, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores local, fechou estável, amparado, de um lado, pela alta na maioria dos papéis, mas limitado, de outro lado, pelas companhias com maior peso no indicador, caso de Petrobras e Vale

No caso da estatal, o papel preferencial – que tem prioridade no recebimento de dividendos – recua 2,98%, enquanto as ações ordinárias – que garantem voto em assembleia – cedem 3,18%. Já a mineradora registra baixa de 2,67%. Na contramão, os grandes bancos operam todos em alta.

Os estrangeiros e o medo da recessão na conta 

O movimento parece estranho, à primeira vista, porque o dia é marcado pela entrada de fluxo estrangeiro para o Brasil, o que motiva a queda de 1% da moeda americana ante o real. Em geral, quando um dos mercados sobe, o outro cai, refletindo a procura por proteção ou o maior interesse em exposição a ativos de risco.

Hoje, porém, o dia é de mercados voláteis, na esteira das perspectivas ainda turvas dos impactos do “tarifaço” de Trump tanto para a economia americana, quanto para as demais no mundo. 

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Gestores e analistas de grandes bancos e assets ouvidos por VEJA afirmam que, no Brasil, o mercado de câmbio reflete a entrada de fluxo estrangeiro, com investidores internacionais que saem à procura de diversas divisas globais, de olho em melhores oportunidades de retorno ou maior proteção contra o risco, pelo medo de que as tarifas de Trump provoquem uma recessão no país. 

O raciocínio é simples: tarifas mais altas em importados devem provocar aumento dos preços na economia americana, coibindo o consumo das pessoas, que já está em desaceleração. Atualmente, a inflação no país está perto dos 3%, com leituras que podem chegar a mais de 6% com as novas tarifas. A desaceleração forte do consumo é o que pode gerar uma estagnação forte da economia nos próximos meses.

Petrobras, Vale e o efeito dos juros 

Na renda variável, a bolsa brasileira chegou a operar no azul no começo do dia, mas perdeu força, puxada por Petrobras e Vale, que recuam desde o início do pregão. O que acontece é que, apesar do fluxo positivo capturado pelo mercado de moedas, há preocupações diretas sobre os efeitos das tarifas em mercados específicos. 

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Esse é o caso das duas gigantes da bolsa. Com o aumento da probabilidade de desaceleração do crescimento não apenas dos Estados Unidos, mas globalmente, há risco de pressão sobre os preços das commodities, como petróleo e minério, à exceção das proteínas. Se há oferta, mas a demanda cai, os preços tendem a recuar.

O mercado de juros lá fora e no Brasil também explica o desempenho de outro grupo de papéis na bolsa. Com o “fechamento da curva de juros” nos Estados Unidos – alcunha dada para movimento em que as taxas dos contratos de juros futuros negociados no mercado financeiro começam a cair –, o efeito também se espalha para o Brasil. 

Sempre que esses contratos, negociados em bolsa, recuam, isso significa melhora na percepção de risco para os juros no país no futuro, gerando descompressão nos papéis que mais sofrem com a Selic alta. Esse grupo é conhecido como “cíclicos locais”, já que estão diretamente ligados ao ciclo da economia. Isso explica os campeões da bolsa hoje, caso do varejo e dos shoppings.

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Enquanto, de um lado, o efeito das tarifas deve ser inflacionário para os Estados Unidos, para outros países ele deve ter efeito contrário, gerando deflação. Isso também se reflete diretamente na curva futura de juros, projetando taxas menores no futuro – e endossando o movimento para outros papéis que não estejam ligados a commodities

Ouro e moedas de proteção

O movimento do dia também é capturado pelos mercados de ouro e para as moedas tipicamente usadas como reserva de valor, pela sua estabilidade. No entanto, no caso do ouro, os investidores aproveitam para embolsar lucros depois da commodity ter batido sucessivos recordes. É um movimento classificado pelos gestores como “comportado”, se comparado a outros ativos.

Já outras moedas consideradas fortes, estáveis e usadas para reserva de valor, aproveitam o dia para recuperar protagonismo em cima do dólar, que é preterido pelo seu risco associado à economia americana nesse momento. É o que prova o Índice Dólar, ou DXY, que mede o retorno da divisa dos Estados Unidos frente a uma cesta de moedas: o euro, de maior peso, além da libra esterlina, dólar canadense, iene, coroa sueca e franco suíço. O índice recua 1,6% nesta tarde.

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