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Dívida de R$ 500 mi preocupa mercado e comando da Odebrecht

Analistas duvidam da capacidade de construtora honrar dívidas que vencem nos próximos meses; empresa foi impactada por investigações da Lava Jato

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 4 jun 2024, 17h05 - Publicado em 9 fev 2018, 08h49

A cúpula da Odebrecht Engenharia e Construção (OEC), empresa do grupo Odebrecht, precisará arcar com uma dívida de 500 milhões de reais, referentes a títulos emitidos no exterior em 2013, daqui a menos de 2 meses, em abril de 2018. E a sua capacidade de pagar a conta é colocada em dúvida por agentes do mercado.

Alexandre Garcia, analista da consultoria Fitch, avaliou que “o desafio para o pagamento é grande e preocupa”. Além da Fitch, as outras duas principais consultorias, a Moody’s e a Standard & Poor’s, também rebaixaram as notas de crédito da empresa ao longo de 2017.

O comando da empresa espera o pagamento de faturas de clientes importantes, esperada para os próximos meses, para pagar a fatura. Outra opção envolve o setor público: a Odebrecht tenta convencer o comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a liberar verbas de uma obra realizada pela construtora em Angola. Nos bastidores, no entanto, executivos admitem que não há certeza e outras soluções estão sendo discutidas.

Garcia argumenta que a Odebrecht tem que adequar a dívida à sua nova realidade e tamanho. Em tese, a conta fecha: a construtora tem, em carteira, contratos que valem cerca de 45 bilhões de reais (14 bilhões de dólares, pelo câmbio de hoje), sendo que a dívida total é de 11 bilhões de reais (3,3 bilhões de dólares). O problema são quais são esses contratos: “A qualidade da carteira [de obras da empresa] é ruim. Parte dos projetos não está sendo executada e não gera caixa”, explica.

Além dos 500 milhões de abril, a Odebrecht ainda tem outros 650 milhões de reais em juros e dívidas corporativas para quitar ao longo de 2018. Em setembro de 2017, a empresa tinha 2,2 bilhões de reais em caixa. Nos últimos anos, com a eclosão da Operação Lava Jato, a carteira de obras só encolheu e a construtora foi obrigada a ajudar financeiramente a controladora.

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Foram repassados para a holding Odebrecht cerca de 1,5 bilhão de reais, dinheiro que as consultorias acreditam que não retornará, já que o grupo familiar deve 75 bilhões de reais ao todo. Com as investigações, a companhia se viu forçada a confessar que havia montado um dos maiores esquemas de corrupção empresarial já vistos. Como consequência, clientes cancelaram obras. Novos contratos rarearam.

Movimentação

Fontes ligadas à empresa avaliam que o grupo Odebrecht passa agora por um novo momento de estresse financeiro. Após renegociar empréstimos de 7 bilhões de reais da Agroindustrial em 2016 e refinanciar outros 15 bilhões de reais da Odebrecht Óleo e Gás em 2017, ela agora terá de passar pelo teste com os credores internacionais da construtora – os chamados bondholders.

Se honrar o pagamento, terá mais tempo para focar no reerguimento do negócio. Há outros vencimentos nos próximos anos mas apenas em 2025 haverá um grande, de 500 milhões de dólares, segundo a empresa. Mesmo assim, alguns grupos de credores internacionais já se movimentam. Escritórios no Brasil já receberam contato nas últimas semanas de representantes desses investidores, antecipando-se a uma eventual necessidade de negociação.

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A queda no valor de títulos da Odebrecht é indicativo da preocupação, destaca a agência S&P em seu último relatório. “O fraco posicionamento nos mercados de capitais, como observado em seus bonds negociados a 30-35% (valor de face) afetaram a capacidade da OEC de resistir a um evento de liquidez imprevisto sem que necessite refinanciar sua estrutura de capital”.

A determinação da construtora é pagar o que deve agora e focar no plano de engordar a carteira de projetos, a despeito do ceticismo do mercado. Estimativa da companhia feita a investidores é que, em 2018, serão adicionados mais de 10 bilhões de reais ao estoque (3,2 bilhões de dólares). Procurada, a Odebrecht não quis se manifestar. Em nota, reafirmou que, em setembro de 2017, tinha 700 milhões de dólares em caixa.

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