Distribuidoras já relatam falta de combustível pelo país
Manifestação de caminhoneiros e apoiadores de Bolsonaro fecha estradas em várias partes do Brasil

A paralisação de caminhoneiros e de manifestantes ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) vem preocupando vários setores da economia sobre suas consequências. Enquanto a Associação Brasileira de Supermercados fez um apelo para que Bolsonaro intervenha e ajude a liberar as estradas para evitar o desabastecimento de alimentos, donos de postos veem como real a chance de faltar combustível caso a situação nas rodovias do país não seja normalizada.
A VEJA, executivos de distribuidoras confirmaram que já notaram falta de combustíveis em algumas cidades. Em Santa Catarina, há relatos de longas filas nos postos e falta de combustíveis na bomba. O estado foi o primeiro a registrar paralisação em rodovia, ainda no domingo, momentos depois da confirmação da derrota de Bolsonaro para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o último levantamento da PRF, são 37 bloqueios de rodovias federais apenas no estado. Em Porto Alegre, capital gaúcha, também há relatos de falta de combustíveis. Procurada, a Agência Nacional do Petróleo e Combustíveis (ANP) não respondeu o questionamento da reportagem.
Em 2018, a paralisação dos caminhoneiros durou dez dias. Na ocasião, houve desabastecimento de alimentos e combustíveis em quase todo o país, o que causou impactos na desaceleração do PIB e alta da inflação nos meses de junho e julho. Um desabastecimento de combustíveis agora pode impactar no preço ao consumidor e acelerar a inflação, que vem caindo há três meses refletindo exatamente a redução do valor dos combustíveis. Segundo a PRF, as manifestações de hoje têm escalado mais rápido do que os protestos de 2018. Na ocasião, os motoristas protestavam contra a alta do preço dos combustíveis e a política de paridade de preços.
Ao todo, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro fecham rodovias por não reconhecerem o resultado nas urnas em 21 estados, além do Distrito Federal. Os atos, com caráter golpista e antidemocrático, pedem intervenção militar.