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Direção inteligente: avanço do 5G acelera o desenvolvimento de carros autônomos

Inovação aumenta a produtividade das montadoras e pode transformar o conceito de mobilidade

Por Luana Zanobia 29 nov 2024, 06h00

Poucos setores passaram por transformações tão intensas nos últimos anos quanto a indústria automotiva. Inovações como piloto automático, controle de estabilidade e centrais multimídia com telas touch screen se tornaram atributos presentes até mesmo nos carros intermediários, levando mais segurança e conforto para motoristas e passageiros. Apesar dos avanços recentes, uma nova revolução está prestes a entrar em cena — mas, desta vez, ainda mais poderosa. O advento da 5G, a quinta geração de rede de telefonia móvel, que alcança velocidade até 100 vezes maior que a da 4G, promete alterar a maneira como os automóveis são fabricados e utilizados, tornando realidade conceitos antes restritos ao campo da ficção científica.

A 5G é a peça-chave que viabiliza a conectividade total e a automação dos veículos. Com ela, em um futuro não muito distante, será possível reduzir congestionamentos, evitar acidentes e assegurar o pleno desenvolvimento dos carros autônomos. Graças à extraordinária capacidade de transporte de dados da 5G, os carros ficarão conectados em tempo real à rede de infraestrutura de tráfego, como semáforos e placas indicativas. Se um determinado farol estiver quebrado, o veículo será avisado automaticamente, podendo escolher outra rota. Mais do que isso: a expectativa dos pesquisadores é que, em algum momento, todos os automóveis trocarão informações entre si, o que será vital para a melhoria do fluxo de trânsito e a prevenção de colisões.

EFICIÊNCIA - Linha da Stellantis: a tecnologia reduz erros no processo industrial
EFICIÊNCIA - Linha da Stellantis: a tecnologia reduz erros no processo industrial (//Divulgação)

Nesse cenário, os carros autônomos dominarão ruas, avenidas e estradas, mudando por completo o conceito de mobilidade. Os autônomos desenvolvidos por empresas como a Tesla, de Elon Musk, e a Waymo, subsidiária da Alphabet, dona do Google, dependem de sistemas avançados de sensores, câmeras e inteligência artificial para navegar e tomar decisões em tempo real. A baixa latência — isto é, o tempo de envio dos dados — da 5G permite que essas decisões sejam transmitidas e processadas instantaneamente. Além disso, a conectividade garante que os autônomos estejam sempre equipados com as informações mais atualizadas sobre o ambiente ao redor, algo indispensável para que trabalhem corretamente.

Apesar dos benefícios da 5G, sua implementação enfrenta obstáculos no Brasil. “A transição exige uma mudança substancial na infraestrutura de rede”, diz José Carlos Rodrigues, professor de marketing da ESPM e autor do livro O Carro que Dirige/Decide por Mim, sobre a nova era de veículos autônomos.

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arte 5g

Enquanto o futuro não chega, o presente já revela as muitas possibilidades trazidas pela tecnologia. No Brasil, a operadora TIM mantém uma parceria com a montadora ítalo-franco-americana Stellantis para o uso da rede 5G na fábrica da Jeep em Goiana (PE). A 5G permitiu o emprego avançado de recursos da inteligência artificial, o que levou ao aumento da produtividade no local e à redução de erros no processo industrial. “A 5G só se torna uma solução eficaz quando conseguimos mapear as necessidades específicas da indústria e, a partir disso, identificar como ela pode atender a essas demandas”, diz Paulo Humberto Cerchi Gouvea, diretor de soluções corporativas da TIM Brasil.

Um estudo realizado pela consultoria Accenture comprova as vantagens operacionais trazidas pela 5G. Segundo o levantamento, o uso da quinta geração tem potencial para aumentar a produtividade das montadoras em até 15%, o que se deve sobretudo à melhor conexão entre as máquinas. Na Alemanha, a Volkswagen alcançou resultados expressivos em suas fábricas de veículos elétricos que passaram a adotar a 5G, como o aumento de 30% na eficiência das linhas de produção. Nos Estados Unidos, empresas como a Ford estão transformando suas fábricas em modelos de “manufatura inteligente”, combinando 5G, robótica e inteligência artificial para otimizar processos. A montadora estima que o uso da tecnologia reduz o tempo de produção em até 20%, além de cortar custos de manutenção e energia. Não há dúvida: a 5G inaugura uma nova era para a indústria automotiva.

Publicado em VEJA de 29 de novembro de 2024, edição nº 2921

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