Decisão dividida: Diretores indicados por Lula ao BC queriam corte maior
Quatro diretores votaram por uma redução de 0,5 ponto, enquanto outros cinco, entre eles Campos Neto, decidiram por um corte menor
O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa básica de juros do país, a Selic, em 0,25 ponto percentual, com isso, a taxa cai para 10,5% ao ano. A decisão não foi unânime e opôs os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os membros da diretoria nomeada pelo presidente Jair Bolsonaro, inclusive o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.
Em 2021, o Banco Central tornou-se autônomo e, entre as mudanças, está a não concomitância do mandato da diretoria com o do executivo federal. Ou seja, o presidente eleito não indica o chefe da autarquia logo no início de seu mandato. No ano passado, Lula indicou quatro nomes para cadeiras que foram ficando vagas no BC pelo fim do tempo de mandato. Somente em dezembro deste ano, Lula poderá nomear seu escolhido para comandar o BC.
Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira votaram pela continuidade do ciclo de cortes de meio ponto percentual. No entanto, uma ala um pouco mais conservadora do colegiado venceu a votação, com o desempate de Campos Neto. “A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação desancoradas e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, ressaltou o colegiado em nota.
Rixa
Os cortes na taxa de juros, aliás, foram motivo de rixa entre Lula e a autarquia, em especial Campos Neto. A redução no ritmo de corte pode reacender a rixa e trazer uma instabilidade quanto a política monetária.
Apesar das críticas, o BC manteve a taxa básica de juros até julho do ano passado, quando iniciou o processo de desinflação de forma técnica, baseada nos dados de inflação.
Há um temor no mercado que com o fim do mandato de Campos Neto, e dos outros diretores do BC, que a autoridade monetária possa ser menos conservador no controle inflacionário.