Crescimento certamente ultrapassará os 3%, diz Lula sobre PIB
Em encontro nacional da indústria, presidente afirmou que especuladores estão sempre jogando a economia para baixo. “Sempre desacreditando", ressaltou
O presidente Lula disse nesta quarta-feira, 27, que não vê nenhum motivo para as pessoas estarem desacreditadas da economia do país, que o governo está surpreendendo os pessimistas e que especuladores estão “sempre jogando o país para baixo”.
As declarações foram dadas durante o 14º Encontro Nacional da Indústria (Enai), em Brasília (DF). O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, também discursou no evento que marcou o lançamento do Observatório do Custo Brasil. O impacto das dificuldades e burocracias no ambiente de negócios no país, chamado de Custo Brasil, tira do país 1,7 trilhão de reais por ano, ou quase 20% de tudo que o país produz (PIB).
“Em janeiro de 2023, eu fui a Hiroshima na primeira reunião do G7 e no encontro com a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional. Ela dizia que o Brasil não passaria de 0,8% de crescimento do PIB. Isso era alardeado pela imprensa brasileira, era alardeado pela Faria Lima, e aos poucos a gente foi preparando o Brasil para surpreender o mundo que pensava assim e surpreender muita gente aqui no Brasil que pensava assim, e a economia cresceu 2,9%”, disse o presidente, considerando que em 2024 enfrentou a mesma falta de credibilidade.
“Os de sempre, os pessimistas de sempre começaram a dizer que o Brasil ia ter um crescimento no máximo de 1,5% porque não havia credibilidade no Brasil, não havia confiança na política fiscal”, disse Lula. “Nós outra vez estamos surpreendendo os pessimistas porque o crescimento certamente ultrapassará 3%”, continuou, afirmando que a economia real pode ser maior do que a economia teórica dos “discursos fictícios dos chamados especialistas, que de especialistas não têm nada”.
Segundo o presidente, trata-se de especuladores que estão sempre jogando a economia para baixo. “Sempre desacreditando na economia”, disse.
O presidente afirmou que sempre valoriza a microeconomia. “O dinheiro precisa circular na mão de muito mais gente para que esse dinheiro possa significar crescimento econômico, distribuição de riqueza e melhoria da qualidade de vida das pessoas”, ressaltou Lula.
O mandatário brasileiro disse que o papel do governo é criar condições para que as pessoas acreditem que as coisas vão acontecer e “as coisas acontecem”. “Na hora que a economia começa a crescer, as pessoas começam a investir.”
Exaltando sua própria capacidade de articulação, o presidente disse que as coisas vão acontecendo à medida que ele estabelece a capacidade de conversação. “Quando eu tomei posse, o Lira era meu inimigo, hoje o Lira é meu amigo. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, era meu inimigo, hoje ele é meu amigo”, afirmou Lula.
Nesta quarta-feira, ele deve se reunir com Rodrigo Pacheco e Arthur Lira para apresentar a redação final do pacote de corte de gastos. Aguardadas há mais de um mês pelo mercado, as medidas de ajuste fiscal são uma tentativa do governo de fechar as contas e dar longevidade ao arcabouço fiscal.
Ferramenta inédita mostra que seis projetos reduziriam em R$ 530 bi o Custo Brasil
Lançado nesta quarta-feira, durante o Encontro Nacional da Indústria, o Observatório do Custo Brasil estima que a implementação efetiva de seis projetos-chave podem reduzir o Custo Brasil em 530 bilhões de reais até 2035. Entre 2021 e 2023, o Brasil reduziu 86 bilhões de reais dessa projeção. Por ano, o Custo Brasil tira do país 1,7 trilhão de reais, ou quase 20% de tudo que o país produz (PIB).
O Observatório identificou seis ações prioritárias para reduzir os custos que dificultam os negócios no Brasil. Entre as seis ações prioritárias estão a ampliação da infraestrutura logística, que pode economizar 224,76 bilhões de reais, e o acesso a crédito empresarial, com impacto potencial de 63,46 bilhões de reais.
Outras medidas incluem a expansão da banda larga (69,26 bilhões de reais), a simplificação tributária (30,9 bilhões de reais), a abertura do mercado de gás natural (21 bilhões de reais) e a oferta de energia elétrica mais competitiva (121,30 bilhões de reais). Essas iniciativas, já estruturadas, buscam aliviar os entraves do ambiente econômico e impulsionar o crescimento.
A ferramenta desenvolvida pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) em parceria com o MDIC, com apoio técnico da Fundação Getulio Vargas (FGV), está disponível em custobrasil.org.br.