Copom deve manter juros e deixa mercado de olho em pistas no comunicado
Melhora no cenário inflacionário e expectativa da aprovação no arcabouço fiscal aumentam cobranças pela redução da Selic, que só deve ocorrer em agosto

O Comitê de Política Monetária (Copom) anuncia nesta quarta-feira, 21, o que o mercado enxerga como o último ato dos juros em 13,75%, o maior patamar desde 2016. A expectativa é de que a autoridade monetária vote pela manutenção da taxa Selic, seguindo sua política de cautela com as perspectivas de inflação, porém dê sinais mais claros de que o ciclo de redução dos juros deve começar no segundo semestre.
A Selic chegou a 13,75% em agosto do ano passado, nas vésperas do período eleitoral, e com a inflação começando a desacelerar. Já o início do ciclo de altas é de 2021, quando a taxa inflacionária, em especial dos alimentos, acelerou e retirou o país do patamar de juros de 2% ao ano.
Além da pressão vinda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu entorno, o coro pela redução da Selic ganhou o reforço de empresários de peso. Neste mês, em evento com a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano, pediu um sinal da redução da Selic, afirmando que “ninguém aguenta isso”. Em maio, num artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, definiu o patamar dos juros como “perversos”.
O cenário da inflação brasileira melhorou, muito graças a mão firme do Copom, mas a sinalização do fim do ciclo de aperto faz-se necessária para ajudar no crescimento do país. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), ficou em 3,94% em doze meses encerrados em maio — uma redução drástica quando comparada com o mesmo período do ano anterior, em 11,73%. Para o fim deste ano, a expectativa do mercado, segundo o Boletim Focus, é de que a inflação encerre em 5,24%, ainda acima do teto da meta, de 4,75%.
Porém, as expectativas de longo prazo finalmente começaram a ceder. Após ficarem estáveis em 4,0% por várias semanas, o mercado passou a ver uma inflação de 3,90% para 2025 e 3,88% para 2026. Enquanto o cenário inflacionário recua, a atividade econômica melhora. O PIB cresceu em 1,9% no primeiro trimestre, puxado pelo agronegócio. Em contrapartida, houve sinais de desaceleração de demanda, como o consumo das famílias, o que favorece uma decisão de corte de juros, ou neste caso, uma sinalização.