Copom corta taxa Selic em 0,25 ponto e juros vão a 10,5% ao ano
Aumento das incertezas no cenário externo, lentidão maior na redução inflacionária e risco fiscal aumentado pesaram na decisão do colegiado
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou hoje a redução em 0,25 ponto percentual para a taxa Selic, que sai, portanto, de 10,75% para 10,5% ao ano, conforme esperado pela maioria dos economistas.
A redução, a sétima seguida dos juros, foi a menor desde o início de flexibilização da taxa, em julho do ano passado, quando a Selic estava em 13,25% ao ano. Na ata do encontro anterior, em maio, o colegiado havia sinalizado uma redução de 0,5 ponto para esta reunião, mas a piora no cenário fez com que o colegiado reduzisse a taxa abaixo de sua projeção.
O aumento das incertezas no cenário externo, com redução de juros nos Estados Unidos fora do radar pelo menos no primeiro semestre, e também no interno — com risco fiscal aumentado, pesaram na decisão do colegiado.
O comitê chama atenção para a questão fiscal como um fator que pode impactar no ciclo de cortes da Selic. Da última reunião para cá, o governo reduziu a meta fiscal de 2025 em diante, abrindo espaço para mais gastos. “O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz a nota.
A decisão para um corte de 0,25 ponto não foi unânime. Votaram por um corte de 0,25 pp os diretores ê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes, enquanto Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira. indicaram uma redução de 0,50 pp. Os quatro que votaram pela redução de meio ponto são os indicados pelo governo Lula.
No comunicado, o Copom também retirou a indicação de que haverá novos cortes adiante, ressaltando que dependerá de dados para seguir com a política monetária. A autoridade também destacou que, a despeito do corte de hoje, os juros permanecem em patamar contracionista, essencial para o controle da inflação.
O Copom também manifestou preocupação com o cenário internacional, citando a inflação alta e a continuidade do aperto monetário em economias desenvolvidas como elementos que interferem nas decisões no Brasil. Vale destacar que, nos Estados Unidos, o Federal Reserve ainda não deu início a uma esperada redução dos juros, o que só deve ocorrer — se acontecer — próximo do fim deste ano.