Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Construção civil tem pior resultado em catorze anos

Fraco desempenho da economia, término das obras da Copa do Mundo e dificuldade para elevar investimentos em infraestrutura reduzem atividade do setor

Por Da Redação
5 out 2014, 09h17

O setor da construção civil deverá fechar 2014 com o pior resultado dos últimos catorze anos. Diante do fraco desempenho da economia, término de empreendimentos da Copa do Mundo e dificuldade para aumentar os investimentos em infraestrutura, a previsão é que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor reverta o quadro de crescimento robusto dos últimos anos e caia 6,2%, segundo cálculos da consultoria GO Associados, apresentados no boletim da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop).

No ano passado, a construção civil teve participação de 5,4% no PIB total do país e empregou mais de 2 milhões de trabalhadores. O melhor resultado ocorreu em 2010, quando o PIB do setor avançou 11,6%, influenciado, em especial, pelo boom imobiliário. De lá para cá, o crescimento das atividades do setor foi um pouco mais modesto. Em 2013, avançou 1,6% e criou apenas 48 000 postos de trabalho (abaixo dos 95 000 de 2012), segundo o boletim da Apeop.

No segundo trimestre deste ano, o nível de atividade do setor despencou 8,6% comparado a igual período de 2013. O sócio da GO Associados, Gesner Oliveira, responsável pela elaboração do boletim da Apeop, explica que o desempenho é resultado da combinação de uma série de fatores. Entre eles, o atraso e adiamento de obras de infraestrutura, elevação do endividamento das famílias e arrefecimento do mercado imobiliário.

Imóveis – Segundo o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi), de janeiro a julho deste ano as vendas de imóveis novos caíram 49% e o número de lançamento de novas unidades, 21,5%, comparado a igual período de 2013. “Tivemos um ano atípico, com carnaval tardio, Copa do Mundo e uma reviravolta nas eleições. Esse cenário de incerteza causou uma freada no setor”, afirmou Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP.

Ele projeta uma melhora no segundo semestre, mas não o suficiente para reverter o quadro negativo de 2014. A expectativa é que as vendas fechem o ano com recuo entre 20% e 25% e os lançamentos, entre 15% e 20%. Neste momento, avalia o executivo, é difícil traçar um panorama para 2015. “Vamos ver o resultado das eleições e o enfoque que será dado ao setor. Podemos ter uma onda de otimismo ou de pessimismo.”

Continua após a publicidade

Leia também:

Custo de construção civil desacelera 0,33% em outubro

Confiança no setor de construção civil cai 4,6% no 3º tri

Além do mercado imobiliário, os números do segundo semestre devem refletir o fim das obras da Copa do Mundo, como a construção dos estádios. Esses projetos foram concluídos e não entrou nada no lugar, já que o ritmo dos investimentos em novos projetos de infraestrutura está lento. Os programas voltados para portos e ferrovias, por exemplo, que representam grande volume de mão de obra e contratos bilionários, ainda não saíram do papel. Há expectativa de que depois das eleições algumas licitações sejam feitas, mas os efeitos práticos no setor não são imediatos.

Continua após a publicidade

Uma notícia positiva para o setor é a continuidade do programa Minha Casa, Minha Vida, com 350 000 novas unidades a partir do ano que vem, diz o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon), José Romeu Ferraz Neto. Mas esse é apenas um dos negócios do setor. Se não houver reação em outras áreas, a recuperação da atividade fica mais difícil. Ele afirma que o nível de emprego está estável, com quedas pontuais em algumas regiões. “Mas estimamos que vai ocorrer uma queda no nível de emprego até o fim deste ano.”

Demissões – De acordo com o boletim da Apeop, apesar do ritmo mais lento na criação de empregos, a única categoria da construção que fechou vagas até agosto deste ano foi a de “outras obras de infraestrutura”, que demitiu 3 200 pessoas. Nos demais setores, como construção pesada, obras de energia, telecomunicações, água, esgoto e transportes, o saldo do ano continua positivo, mas a abertura de novos postos de trabalho está mais lenta. “Houve uma deterioração do cenário macroeconômico, especialmente no curto prazo”, diz o presidente da Apeop, Luciano Amadio.

Segundo ele, uma sondagem feita no setor mostra que os empresários de obras públicas estão pessimistas com o comportamento da economia brasileira neste ano. Para 80%, o sentimento em relação à economia piorou ou piorou muito para os próximos três meses. A expectativa melhora um pouco quando considerados os próximos doze meses.

Na opinião do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, esse pessimismo reflete a reversão dos números do setor. “No começo do ano pensávamos que conseguiríamos crescer 2,5%. Mas aí a economia desaqueceu, as obras da Copa terminaram e o resultado foi piorando.”

Continua após a publicidade

(Com Estadão Conteúdo)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.