‘Concurseiros’ devem manter foco nos estudos, apesar da crise
Especialistas afirmam que crise retrai número de vagas abertas para o setor público, mas cadastro reserva deve manter mesmo patamar do ano passado

A busca pelo serviço público parece persuadir boa parte dos jovens valores do país, que preferem a estabilidade do emprego concursado a correr riscos com as variáveis do mercado. Esse nicho parece ainda mais atraente no atual momento: o país tem cerca de 14 milhões de pessoas desempregadas.
Contudo, a percepção de que, com as contas em frangalhos, a União não abriria mais concursos públicos nos próximo anos pode estar equivocada. Ou seja, quem sonha com uma vaga deve continuar a estudar.
De acordo com especialistas, as vagas previstas em concursos não deverão ser congeladas no restante deste ano. Há, claro, um contingenciamento, mas nada que deva diminuir o ímpeto de quem sonha com a carreira pública, segundo eles.
“Entendendo o cenário do mercado, a gente fez um estudo no começo do ano e acreditávamos que 2017 seria um ano com diversos concursos. Claro que, para se ajustarem à crise, os órgãos públicos abririam um número pouco menor [que o convencional]”, diz Marco Antônio Araújo Junior, presidente da Anpac (Associação Nacional de Proteção aos Concurseiros).
A previsão da associação é que, para 2017, sejam ofertadas cerca de 85 mil vagas efetivas, uma queda ante as 96 mil do ano passado. O que aumentou, porém, foram as destinadas ao cadastro reserva, que devem ficar por volta das 20 mil vagas.
“O estímulo para o concurseiro é a estabilidade e o salário digno que o concurso público ainda oferece. Existe a crise financeira, mas a operação vai continuar aparecendo. Uma coisa é tentar conter a contratação, outra é essa é liberar o processo e fazer com que os órgãos funcionem”, concorda Paulo Estrela, diretor pedagógico da Academia do Concurso.
A reforma da Previdência, proposta pelo governo Temer, deve acelerar ainda a disponibilidade de vagas no setor público, pois as alterações causam uma corrida entre os servidores que pretendiam se aposentar, mas postergavam a decisão. Já a reforma trabalhista ou a lei de terceirização, que também trazem dúvidas aos concurseiros, não devem alterar em nada o cenário.
“As pessoas estão vendo que, se elas esperarem muito, vão trabalhar mais. O que está acontecendo é um aumento nos pedidos muito grande, então acreditamos é de onde vai deslanchar o número de vagas”, diz Araújo. “O Brasil precisa do serviço público e contratações sem o concurso público são inconstitucionais, ou seja, a terceirização não afeta em nada”, afirma ainda.
Prepare-se
O sonho de seguir uma carreira promissora dentro do setor público deve ser pautado na programação. Mesmo com a queda nas vagas e a possibilidade do cadastro reserva, prestar um concurso deve ser algo planejado, de médio e longo prazo, segundo especialistas, e necessita de tempo.
“A empregabilidade pública é um projeto de, no mínimo, médio prazo, então é algo que como regra é inviável a pessoa estudar apenas entre a publicação do edital e a prova. E quem começa antes, mantém o ritmo de estudos”, diz Paulo Estrela.
Se adiantar, porém, pode não ser o suficiente. É importante também não ‘atirar para todos os lados’ e ter foco em uma especialidade.
“Primeira coisa que a pessoa tem que fazer é escolher um nicho sobre onde estudar. O camarada começa a estudar para vários concursos diferentes ao mesmo tempo e isso é um erro, então ele tem que procurar um nicho. Então a primeira coisa é escolher o nicho, segundo é obter ajuda na preparação e fazer o planejamento de estudos, muitos exercícios com livros”, afirma Renato Saraiva, presidente do Grupo CERS.
Assim, segundo Saraiva, o candidato terá chances de concorrer a uma das vagas oferecidas pelo setor público.