Concessão de crédito cresce 6% em março, puxado por crédito pessoal e cheque especial
Expansão ocorreu nas linhas com as maiores taxas de juros do mercado, associadas a momentos de dificuldade financeira do tomador

Em março, a concessão de crédito para pessoas físicas totalizou 324,1 bilhões de reais. A cifra representa uma alta de 6,2% sobre os 305,3 bilhões concedidos no mesmo mês do ano passado. Segundo o Banco Central, as operações com recursos direcionados somaram 32,4 bilhões, indicando uma queda de 16,3% sobre a comparação. O crédito direcionado é aquele que as instituições financeiras são obrigadas, por lei, a conceder, como o financiamento imobiliário com taxas reguladas.
Coube, portanto, ao crédito com recursos livres sustentar a expansão registrada no mês passado. Trata-se das operações que os bancos e financeiras podem realizar, cobrando taxas de juros de mercado. As liberações alcançaram 291,7 bilhões de reais, um montante 9,4% maior que o de março de 2024. Pode-se imaginar que irrigar a economia com crédito é positivo para o crescimento, mas uma avaliação mais detalhada das linhas que mais cresceram mostra motivos para cautela, pois costumam estar atreladas a situações de endividamento e não à melhora do padrão de vida.
As concessões de crédito pessoal não consignado, por exemplo, saltaram 21,2% no intervalo de doze meses, passando de 16,5 bilhões para 19,9 bilhões de reais. Essas linhas estão entre as mais caras do mercado e costumam ser acessadas por quem está sem dinheiro para quitar contas em atraso e cobrir despesas emergenciais. No mês passado, segundo o BC, a taxa média desse produto era de 104,2% ao ano – um acréscimo de 7,9 pontos percentuais sobre a taxa de 96,3% praticada há um ano.
Em segundo lugar, ficaram as novas operações com crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada. Essa categoria subiram 20% sobre a comparação, chegando a 2,1 bilhões de reais. Apesar do menor risco de inadimplência, já que as parcelas são descontadas diretamente do salário do tomador, os juros ainda são altos. No último mês, eram de 43% ao ano, ante 38,1% ao ano em março de 2024.
O cheque especial, como é conhecido o limite de crédito concedido pelos bancos a quem movimenta a conta corrente com saldo negativo, somou 44,9 bilhões de reais – uma alta de 13% sobre a comparação. Trata-se de uma das linhas mais caras do mercado. Em março, a taxa média anual era de 134,2%. O cartão de crédito, outro campeão em apertar o orçamento familiar, totalizou 238,1 bilhões de reais. A cifra é 10% maior que a do mês de referência. Os juros médios dessa modalidade ficaram em 85,5% ao ano.