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Como pensa Gabriel Galípolo, novo secretário-executivo da Fazenda

Ex-banqueiro aceitou o convite de Haddad para assumir o segundo posto mais importante da pasta. Na campanha, Galípolo fez ponte entre o PT e o mercado

Por Felipe Mendes, Larissa Quintino Atualizado em 13 dez 2022, 13h28 - Publicado em 13 dez 2022, 13h03

O economista Gabriel Galípolo, ex-CEO do Banco Fator, aceitou o convite do futuro ministro Fernando Haddad e irá ocupar a secretaria-executiva do Ministério. O número 2 de Haddad teve um papel importantíssimo na campanha que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu terceiro mandato: dado o seu bom trânsito junto ao empresariado brasileiro, o ex-banqueiro foi escalado para dialogar com a Faria Lima.

Esse trânsito, aliás, deve ser um dos trunfos de Galípolo nas funções do ministério, já que o nome de Haddad não agrada grande parte dos investidores e empresários. Reservado, o economista ficou incomodado com a exposição excessiva após jantares realizados com empresários e a campanha, já que na ocasião não fazia parte de consultores econômicos do PT para desenhar o plano de governo. Apesar disso, ele mantém conversas sobre soluções para os entraves do país com o ex-presidente, a quem conhece há cerca de um ano, assim como com integrantes do partido — o que o levou agora para o importante posto dentro da Fazenda. Nesta terça-feira, Galípolo acompanhou o novo ministro em reunião com o atual ministro da Economia, Paulo Guedes.

Mestre em política econômica, Galípolo é coautor de três estudos escritos em parceria com o economista Luiz Gonzaga Belluzzo e integra o núcleo de economia política do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), que é coordenado pelo economista André Lara Resende, ex-diretor do Banco Central e ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e que faz parte do grupo de transição da economia de Lula.

Em entrevista a  VEJA neste ano, Galípolo disse que o próximo presidente terá o desafio de promover crescimento econômico por meio de parcerias público-privadas e se disse favorável ao aperfeiçoamento da reforma trabalhista e da discussão sobre a reforma tributária. “Há uma mudança cultural em curso, que passa por discutir desde o vínculo de um motorista com a Uber, como o entregador de um aplicativo de comida, ao agente autônomo do mercado financeiro. É uma relação mais complexa do que simplesmente estabelecer um vínculo empregatício a partir dos moldes da antiga legislação”, afirmou na ocasião, sobre um dos pontos mais temidos por parte dos empresários em relação a Lula. “A proposta de uma nova visita à questão da reforma trabalhista não significa desfazer tudo que foi feito, que me parece ser o maior receio do mercado, mas sim olhar para a frente.”

Na ocasião, Galípolo também defendeu que haja uma remodelação do teto de gastos. “O teto, como é hoje, claramente apresentou problemas por não se fazer uma diferenciação qualitativa das despesas do governo, colocando todas as despesas sob uma mesma régua”, disse. “Vários custos que têm um crescimento orgânico, com reajustes muitas vezes acima da inflação, foram crescendo e expulsando das despesas o que nós chamamos de recursos discricionários, que muitas vezes são os mais essenciais. O teto transformou essas despesas nas únicas possíveis de serem cortadas. O investimento que há hoje em infraestrutura, por exemplo, não cobre nem a depreciação”, completou. A PEC da Transição, que será votada nesta semana na Câmara dos Deputados, amplia o teto em 2023 e dá oito meses para o novo governo apresentar alternativas para o arcabouço fiscal.

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