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30 anos do Real: Como o Brasil escapou de virar uma Venezuela

No comando do Banco Central de 1995 a 1997, Gustavo Loyola conta que a crise bancária representou um perigo concreto ao Plano Real

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Juliana Elias Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 jul 2024, 10h36 - Publicado em 28 jun 2024, 06h00

Quando assumiu o comando do Banco Central pela segunda vez, em junho de 1995, Gustavo Loyola recebeu uma missão urgente do então presidente Fernando Henrique Cardoso: evitar uma crise bancária sistêmica, capaz de levar o Plano Real ao fracasso e de transformar o Brasil em uma nova Venezuela, onde a quebradeira de bancos, na mesma época, pavimentou o caminho para Hugo Chávez tomar o poder tempos depois. Nesta entrevista, o economista explica como o Real induziu a modernização do setor e do próprio Banco Central.

O senhor já afirmou que, no início do Plano Real, a crise bancária poderia ter transformado o Brasil na Venezuela de Hugo Chávez. Por quê? Quando você destrói a poupança da classe média, ela fica desiludida e adere a apelos radicais. Na época em que o Real foi lançado, a Venezuela vivia uma grave crise bancária. A poupança da classe média praticamente desapareceu. Isso foi um campo fértil para o surgimento e a consolidação do chavismo. Uma crise bancária, quando vira sistêmica, gera consequências políticas muito sérias.

Evitar que o Brasil seguisse o mesmo caminho era uma preocupação concreta, então, nos primeiros anos da nova moeda? Eu me lembro de conversas com o presidente Fernando Henrique Cardoso em que ele tocava muito nesse ponto. Uma vez, ele falou comigo algo do tipo: “A gente não pode virar a Venezuela”. Não sei se foi exatamente com essas palavras. Mas foi nesse contexto de que não poderíamos ter uma crise bancária no Brasil semelhante à venezuelana.

Quais foram as diretrizes para enfrentar a crise bancária? Tínhamos plena consciência de que faríamos tudo para evitar uma corrida bancária generalizada, que traria grandes prejuízos para a sociedade. Se isso acontecesse, a saída seria uma nacionalização em massa dos bancos, o que criaria uma situação fiscal muito complicada. Precisávamos deixar muito claro, para a sociedade, que o dinheiro público de programas como o Proer não seria usado para socorrer os donos dos bancos, mas sim os poupadores. Uma forma de mostrar isso foi a Lei 9.447, que determinava a indisponibilidade do patrimônio dos controladores nesses casos. Foi uma medida pioneira no mundo, e o presidente FHC não titubeou um segundo para assiná-la em março de 1997.

Publicado em VEJA, junho de 2024, edição VEJA Negócios nº 3

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