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Como o agro brasileiro pode liderar solução global para crise climática e de alimentos

Grupo cria think tank para desenvolver práticas tropicais regenerativas, que aumentam produtividade e ajudam a mitigar as mudanças climáticas

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 out 2025, 13h10

Uma iniciativa inédita pretende transformar a forma como se produz alimentos nos trópicos. A Rede de Inteligência em Agricultura e Clima (RIAC) reúne centros de pesquisa e think tanks para criar soluções inovadoras de agricultura tropical regenerativa, um modelo que alia produtividade, saúde do solo e proteção da biodiversidade. O objetivo é mostrar que é possível produzir mais alimentos, gerar renda para agricultores e, ao mesmo tempo, reduzir os impactos da mudança climática, oferecendo um caminho pragmático entre exploração econômica e conservação ambiental.

Entre os membros fundadores da RIAC estão Agroicone, FDC Agroambiental, FGV Agro, Insper Agro Global, Instituto Equilíbrio e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia  (IPAM). Para Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e enviado especial da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, sigla em inglês) para a COP30, a iniciativa é estratégica: “Por muito tempo, o debate ficou paralisado em uma falsa dicotomia entre produzir e conservar. Esta rede representa a construção de um caminho do meio, pragmático e baseado em ciência. É com essa robustez técnica que o Brasil poderá apresentar ao mundo um projeto de futuro para segurança alimentar e climática global.”

A RIAC surge em um contexto de crescente complexidade climática e social. Ludmila Rattis, pesquisadora da FDC e do IPAM, enfatiza que o objetivo é superar narrativas e criar políticas pautadas em evidências técnicas. A rede propõe soluções de adaptação endógena – como o melhoramento genético das plantas para resistir a períodos de estiagem – e exógena, incluindo mudanças nas práticas agrícolas e consórcios de culturas, que aumentam a resiliência do sistema.

“Mitigação e adaptação não são conceitos opostos. Captar carbono do solo, além de reduzir emissões, melhora a retenção de água e fortalece a capacidade de enfrentar veranicos e secas. A agricultura é central nesse equilíbrio”, afirma Rattis.

O potencial tropical

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Historicamente, a agricultura global foi dominada por países de clima temperado. Dados compilados pelo Insper Agro Global mostram que o Brasil aumentou sua produtividade total dos fatores (terra, trabalho e capital) em média de 1,8% ao ano desde 1960, saltando para 3,2% a partir de 2000, superando significativamente médias de América Latina (1,2%), Ásia (1,3%) e África (0,4%).

Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global, ressalta que os trópicos ainda enfrentam disparidades enormes em tecnologia e produtividade. “Não existe uma solução única para todos os países tropicais. Enquanto o Brasil e partes da América do Sul se aproximam de sistemas avançados, a África Subsaariana mantém agricultura de baixo insumo, e a Ásia concentra pequenas propriedades com desafios distintos.”

Segundo Jank, a COP tropical no Brasil oferece oportunidade sem precedentes para internacionalizar modelos de agricultura regenerativa adaptados aos trópicos. “Reduzir a heterogeneidade produtiva nos trópicos não é apenas questão de alimentos: é uma estratégia essencial para sustentabilidade global e combate às mudanças climáticas. Países com maiores índices de desmatamento são tropicais, e soluções para a agricultura nesses territórios impactam diretamente o clima.”

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A RIAC planeja expandir a rede, incluindo empresas e novos parceiros internacionais, e desenvolver um arcabouço metodológico que permita comparar e replicar experiências entre regiões tropicais. O objetivo é criar padrões de monitoramento, verificação e investimento em práticas regenerativas, fortalecendo a segurança alimentar e climática de países emergentes.

Com os trópicos concentrando metade do crescimento populacional mundial nas próximas décadas, a pergunta que move a agenda da rede é clara: quem alimentará a África e a Ásia do Sul? A resposta, segundo especialistas, passa por tecnologia, transferência de conhecimento e políticas públicas robustas, campos em que o Brasil, líder em produtividade tropical, pode assumir papel estratégico.

 

 

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