Como a Bienal do Livro se prepara para impulsionar vendas do setor
Expectativa dos organizadores é receber mais de 600 mil visitantes; última edição física do evento em São Paulo foi em 2018

Depois de ser atingido em cheio pela pandemia de coronavírus, em 2020, o principal evento literário da América Latina, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, volta a acontecer neste ano. Entre os dias 2 e 10 de julho, o espaço de eventos Expo Center Norte, na Zona Norte de São Paulo, receberá 182 expositores e cerca de 500 selos editoriais, incluindo uma comitiva com autores estrangeiros. A expectativa dos organizadores da 26ª edição do evento é de que 600 mil visitantes passem pelo local — cerca de 90 mil ingressos já foram comercializados. Em 2018, última edição física da exposição na cidade, a Bienal reuniu 663 mil pessoas e movimentou mais de 25 milhões de reais, com um dia a mais de duração em relação a este ano.
Em entrevista a VEJA, Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), entidade que organiza o evento, realça a importância de ações em parceria com órgãos públicos para promover a venda de livros. Além de um cashback de 30% para aqueles que compram o bilhete de forma antecipada, a Prefeitura de São Paulo está fornecendo um vale-desconto no valor de 60 reais para mais de 80 mil pessoas, entre alunos, bibliotecários e professores da rede pública. “Nunca houve um apoio com esse volume por parte da prefeitura antes. Com esse dinheiro é possível comprar dois ou três livros interessantes”, diz ele. “É importante dizer que esse valor será reembolsado pela CBL depois. O expositor não vai perder nada.”
Cerca de três milhões de exemplares de livros estarão disponíveis para o público. Para Tavares, um dos grandes destaques desta edição é a homenagem da Bienal a Portugal. O país europeu terá um estande que promoverá o lançamento de novos títulos com a participação dos autores dentre outras atividades. No espaço gastronômico, intitulado “Cozinhando com Palavras”, haverá o “Portugal dos Sabores”, com palestras, demonstrações culinárias e degustações de pratos portugueses. “Portugal está vindo com 20 autores e dois chefs de cozinha. Isso vai ser uma atração enorme. Vai ter uma livraria só com obras de autores portugueses”. O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, deverá participar do evento.
A duração reduzida do evento foi, segundo Tavares, uma necessidade diante da agenda do Expo Center Norte. Até a última edição física, em 2018, o evento era realizado no Pavilhão de Exposições do Anhembi, que foi concedido para a iniciativa privada em 2021, por 53,7 milhões de reais, e agora passa por um período de reformas. “Nós iremos ocupar mais de 65 mil metros quadrados em todo o pavilhão. Estamos com 12 mil metros quadrados de área vendida para expositores. São 186 estandes, fora os temáticos. Vai ser uma semana em que nós estaremos difundindo o conhecimento e a cultura por meio da literatura”, complementa Tavares.
Dentre os autores nacionais confirmados para a edição, estão nomes como Laurentino Gomes, Mario Sergio Cortella, Miriam Leitão, Ailton Krenak, Mauricio de Sousa, Thalita Rebouças e Tom Zé. Já entre os nomes internacionais, estarão o português Valter Hugo Mãe, a moçambicana Paulina Chiziane, o norte-americano Nathan Harris e a espanhola Elena Armas, que ganhou destaque em redes sociais com seu romance Uma Farsa de Amor na Espanha. “Nós estávamos com o planejamento para a Bienal de 2020 feito quando veio a pandemia e tivemos que migrá-la para o virtual. Conseguimos fazer uma Bienal bem inclusiva naquele ano, com leitores de cidades distantes. Mas, para o autor, é importante poder encontrar com seu público-leitor presencialmente”, diz Tavares.