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Como a ala política sequestrou de Guedes o planejamento do Auxílio Brasil

O pagamento de um benefício de 300 reais estava acertado entre Guedes e Bolsonaro antes do embarque do chefe das finanças para Washington

Por Victor Irajá Atualizado em 22 out 2021, 16h29 - Publicado em 22 out 2021, 16h06

Tem nome e sobrenome a “ala política” citada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em pronunciamento nesta sexta-feira, 22. Segundo ele, essa tal ala aproveitou a semana em que esteve em Washington para reunião do Fundo Monetário Internacional, entre os dias 11 e 15 de outubro, para pedir ao BTG Pactual a liberação de Mansueto Almeida, economista-chefe do banco e ex-secretário do Tesouro Nacional. O motivo era encontrar um substituto para Guedes no Ministério da Economia.

Essa movimentação aconteceu porque os ministros ligados ao Centrão, que incluem Ciro Nogueira (Casa Civil), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Onyx Lorenzoni (Trabalho e Desenvolvimento), Fábio Faria (Comunicações) e João Roma (Cidadania), ficaram preocupado em encontrar uma alternativa ao Auxílio Emergencial, à medida se aproximava o fim do benefício, que se encerra este mês. Quando bateu o desespero, Lorenzoni e Faria aproveitaram a ausência de Guedes em Brasília, para soprar aos ouvidos do presidente Jair Bolsonaro que ele precisava, para ganhar popularidade, de um Bolsa Família recauchutado, mesmo que estourando o teto de gastos. E também que o valor deveria ser de até 600 reais, contra a proposta de 300 reais do Ministério da Economia, que não queria estourar o teto.  Depois da reunião com Bolsonaro, circulou em Brasília e junto ao mercado financeiro a informação de que Guedes era demissionário.

O pagamento de um Auxílio Brasil de 300 reais estava acertado entre Guedes e Bolsonaro antes do embarque do chefe das finanças às reuniões com o FMI. A consolidação do programa seria viável, segundo o ministro, com a aprovação da reforma do Imposto de Renda (IR). Com a ausência de Guedes, os ministros da ala política argumentaram que a defesa da equipe econômica ao pagamento de “apenas” 300 reais custaria muito à popularidade do presidente e tornaria inviável a permanência de Guedes no governo, e iniciaram uma verdadeira fritura interna.

Na volta da viagem, Guedes foi recebido por Bolsonaro e ouviu a chancela do presidente, mas, também, a determinação de que o ministro encontrasse espaço para um Auxílio de valor intermediário, de 400 reais. Desgostoso, Guedes admitiu furar o teto, contra sua vontade, defendendo publicamente uma iniciativa sobre a qual reclama nos bastidores. Ao final das articulações, o governo chegou nos 400 reais, temporários. Agora, a ala política prega a “responsabilidade fiscal”, afirmando que todos os recursos devem vir da PEC dos Precatórios.

A alternativa vinda de Onyx e Faria, de 400 reais, seria viável apenas para o ano que vem, como foi informado a Bolsonaro por Guedes. O presidente preferiu a segunda opção, ouvindo os ministros políticos, preocupado em fazer número de eleitos nas eleições do ano que vem. “Em 2023 não tem eleição”, faz troça uma fonte do Palácio do Planalto, aludindo à capacidade do Auxílio Brasil garantir a vitória dos governistas.

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