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Com Biden, siderurgia brasileira sonha com fim das restrições dos EUA

Desde 2018, a exportação do aço brasileiro se dá por meio de cotas definidas com os americanos; expectativa é que o democrata reveja esse protecionismo

Por Felipe Mendes Atualizado em 10 nov 2020, 19h51 - Publicado em 10 nov 2020, 17h49

Tradicional gerador de empregos para indústria americana, o cinturão da ferrugem, formado por Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, foi o fiel da balança a favor de Joe Biden na eleição à Casa Branca. Veio da Pensilvânia, por exemplo, o número de delegados que sacramentou a vitória do democrata no último sábado, dia 7. Isso pode ser visto como um recado ao rival derrotado e atual presidente, Donald Trump, que prometera recuperar os empregos e a economia daqueles estados. Para isso, lançou mão de medidas protecionistas, prejudicando, entre outras, a indústria siderúrgica brasileira. Agora, com os democratas de volta ao poder, a expectativa do mercado é de que as restrições impostas nos últimos anos pelo republicano sejam dissipadas.

“Historicamente, os democratas sempre foram considerados os mais protecionistas ou intervencionistas. Mas isso é um conceito errado. As medidas mais duras no campo do protecionismo e da defesa comercial na história recente vieram de republicanos”, diz Marco Polo de Mello, presidente do Instituto Aço Brasil. “Foi assim com Ronald Reagan, com George W. Bush e, mais recentemente, com Donald Trump.”

Desde 2018, o Brasil é um dos poucos países que exportam aço aos Estados Unidos, mas que o fazem por meio de cotas — assim como Argentina e Coreia do Sul. A cota de exportação não-tarifada do produto semiacabado a partir do território brasileiro é de 3,5 milhões de toneladas ao ano. O que excede ao montante, é taxado com 25%, o que, na prática, inviabiliza as exportações. O aço acabado produzido no Brasil, por sua vez, foi penalizado com uma redução de 30% sobre a média exportada entre 2015 e 2017 ao país americano. A expectativa, segundo Polo de Mello, é iniciar negociações com a equipe do presidente eleito para, pelo menos, alterar os limites impostos para exportação do aço semiacabado. “Com a chegada desse novo governo, queremos reabrir as negociações. Se não for possível retirar todas as restrições, que se retire as restrições sobre o aço semiacabado, que é uma matéria-prima estratégica”, diz ele. “O Brasil é um parceiro estratégico para os americanos. Eles sempre tiveram superávit nessa relação.”

Recentemente, Trump lançou mais uma ofensiva sobre a exportação do aço semiacabado, reduzindo a cota brasileira para exportação no último trimestre deste ano de 350.000 para 60.000 toneladas de aço. As partes envolvidas voltarão a negociar em dezembro. Há a expectativa de que Trump aceite incluir essa diferença (290.000 toneladas) no teto para exportação no primeiro trimestre de 2021. Mesmo derrotado, é a equipe do republicano que estará a cargo da negociação. Mas Polo de Mello não quer perder tempo e está arquitetando um encontro com a equipe de transição do governo democrata tão logo for possível. “Uma vez tendo a equipe de transição definida, pensamos em fazer uma ida aos EUA para estabelecer essas novas conexões e começar a conversar a respeito da demanda de mercado”, diz ele. Com o excesso de capacidade de aço na Ásia, medidas protecionistas na Europa e o mercado interno ainda em busca de um equilíbrio, sobrou para a siderurgia nacional os Estados Unidos como mercado estratégico.

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