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Com retomada econômica, população ocupada tem aumento recorde em novembro

Taxa de desocupação fechou em 14,1% no trimestre: desemprego parou de subir e o número de pessoas efetivamente trabalhando cresceu 3,9 milhões no período

Por Larissa Quintino Atualizado em 28 jan 2021, 21h20 - Publicado em 28 jan 2021, 09h41

Com a retomada gradual da atividade no país, cresce também a expectativa pela recuperação dos postos de trabalho que foram perdidos durante a pandemia. Nos dados do mercado de trabalho, o mês de novembro mostrou um movimento nesse sentido. A taxa de desocupação ficou em 14,1%, conforme dados divulgados pela Pnad Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 28. Com isso, 14 milhões de pessoas estavam desempregadas no período. O dado mostra um recuo em relação a divulgação anterior (14,3% no trimestre encerrado em outubro) e no trimestre imediatamente anterior (14,4% no trimestre encerrado em agosto). Os números ainda são muito altos, mas há um sinal positivo: a ocupação cresceu no período.

De acordo com IBGE, o número de pessoas ocupadas aumentou 4,8% no trimestre encerrado em novembro e chegou a 85,6 milhões. São 3,9 milhões de pessoas a mais no mercado de trabalho em relação ao trimestre anterior e a maior variação positiva da série histórica, inicada em 2012. Com isso, o nível de ocupação subiu para 48,6%. Isso é positivo porque, em meados do ano passado, o dado do desemprego ficou estável, mas a ocupação caiu. Ou seja, as pessoas não estavam trabalhando e não estavam procurando emprego. Com a volta das atividades econômicas, o desemprego subiu porque mais gente começou a procurar. Agora, com a ocupação aumentando, é possível observar a volta de pessoas ao mercado de trabalho.

“Isso mostra um avanço da ocupação após vários meses em que essa população esteve em queda. A expansão está ligada à volta das pessoas ao mercado que estavam fora por causa do isolamento social e também tem relação com o aumento do processo de contratação do próprio período do ano, quando há uma tendência natural de crescimento da ocupação”, explica a analista da Pnad Contínua, Adriana Beringuy.

O aumento na ocupação atingiu nove dos dez grupos de atividades observados na pesquisa, mas foi mais intenso no comércio: mais 854 mil pessoas passaram a trabalhar no setor no trimestre encerrado em novembro. “O comércio nesse trimestre, assim como no mesmo período do ano anterior, foi o setor que mais absorveu as pessoas, causando reflexos positivos para o trabalho com carteira assinada no setor privado que, após vários meses de queda, mostra uma reação”, ressalta.

A indústria geral (4,4%, ou mais 465 mil pessoas) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,6%, ou mais 427 mil pessoas) também se destacaram no aumento da população ocupada. Esse processo de absorção de trabalhadores também avançou em outros setores, como construção (8,4%, ou mais 457 mil pessoas), transporte, armazenagem e correio (5,9%, ou mais 238 mil pessoas) e alojamento e alimentação (10,8%, ou mais 400 mil pessoas), diz a pesquisadora.

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Retomada

De acordo com a Pnad, a maior parte do crescimento da ocupação veio novamente do mercado informal. Um exemplo é o número de empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada, que cresceu 11,2%, somando agora 9,7 milhões de pessoas. Com esse acréscimo, a taxa de informalidade chegou a 39,1% da população ocupada, o que representa 33,5 milhões de trabalhadores informais no país. No trimestre anterior, a taxa foi de 38%. O mercado de trabalho informal é um bom termômetro de aquecimento da economia. Sem a burocracia que envolve o mercado formal, as pessoas voltam a trabalhar mais rapidamente — esse também é o mesmo motivo pelo qual as demissões ocorrem mais rápido. Tanto que, com o primeiro impacto da crise sanitária, entre março e abril, foram esses trabalhadores quem mais sofreram com a perda de vagas.

“Os trabalhadores informais foram os mais afetados no começo da pandemia. A população informal nesse mês de novembro corresponde a cerca de 62% do crescimento da ocupação total e, no trimestre encerrado em outubro, respondia por quase 89% da reação da ocupação. Então, a informalidade passa a ter uma participação menor em função da reação da carteira de trabalho assinada”, explica.

O contingente de empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada aumentou 3,1% (895 mil pessoas a mais) e agora soma 30 milhões. No mesmo período, a categoria dos trabalhadores domésticos aumentou 5,1% e agora é formada por 4,8 milhões de pessoas. Também houve crescimento de 1,4 milhão de pessoas no contingente de trabalhadores por conta própria, que chegou a 22,9 milhões. No entanto, se comparado ao mesmo período de 2019, essa categoria perdeu 1,7 milhão de pessoas.

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“Embora haja esse crescimento na ocupação nesse trimestre, quando a gente confronta a realidade de novembro de 2020 com o mercado de trabalho de novembro de 2019, as perdas na ocupação ainda são muito significativas”, afirma Beringuy, que ressalta que atividades como alojamento e alimentação, serviços domésticos e o próprio comércio ainda acumulam perdas anuais relevantes.

O contingente total de pessoas ocupadas no país caiu 9,4% na comparação com o trimestre encerrado em novembro de 2019, o que representa uma redução de 8,8 milhões de pessoas. “O avanço da ocupação é significativo, tanto em aspectos quantitativos quanto qualitativos, uma vez que vimos o crescimento da população com carteira assinada e a sua disseminação por diversas atividades. Mas a gente ainda está bem distante de um cenário pré-pandemia”, completa. Para a taxa de desemprego, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior (11,2%), o aumento é de 2,9 pontos percentuais.

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