Com fama de afrodisíaca, catuaba reina no Carnaval
A marca Selvagem pretende aumentar em 20% as vendas em 2018 e mantém popularidade entre os foliões de todas as classes sociais
A cerveja ganhou uma adversária de peso na disputa pelo título de rainha etílica do Carnaval nos últimos anos. É a catuaba, que conquistou o status de madrinha engarrafada da folia, principalmente nos bloquinhos de rua.
Nos mais de 180 blocos que saíram às ruas de São Paulo no último fim de semana, era raro um ambulante que não vendesse litros de Catuaba Selvagem Tradicional e Piña Colada — o mais novo sabor da bebida — ao lado da onipresente cerveja Skol e sua irmã Skol Beats.
Os foliões listam as vantagens do fermentado a base de vinho tinto e ervas durante a festa: “Tem um bom custo-benefício”, diz Juliana Silva, que foi atrás do bloco Bicho Maluco Beleza, no domingo 4. Sendo o custo, no caso, cerca de 25 reais, e o benefício o alto teor alcoólico, de 16,5% — quase quatro vezes mais do que uma cerveja padrão. O preço da garrafa menor, de 300 ml, varia de 10 a 15 reais.
“Não dá vontade de fazer xixi”, “é docinha”, “não dá sono e não estufa” e “dá para tomar sem estar muito gelada”, foram outros argumentos de quem optava pelas garrafas de 1 litro ou 300 ml em blocos como Beleza Rara, Confraria do Pasmado e Besta é Tu, entre outros.
Desde 2015, a Selvagem, marca lançada em 1996 como uma bebida de dose, a exemplo da cachaça, e vendida em botecos para um público majoritariamente masculino, se reposicionou e hoje é presença garantida em festas universitárias e shows de artistas populares, do funk ao sertanejo, do axé e ao samba, para todas as faixas etárias e classes sociais. “As vendas crescem muito no período do fim do ano, das festas de firmas, até o Carnaval. Mas já atingimos uma escala de consumo no ano todo, o produto é responsável por 45% do nosso volume de vendas”, conta Marco Tulio Hoffmann, CEO do Grupo Arbor Brasil, fabricante da Selvagem e da cerveja Therezópolis, entre outros. Em 2017, a empresa produziu 38 milhões de litros de catuaba e, em 2018, a meta é chegar em 46 milhões. O crescimento previsto é de 20%. O desafio atual também é fortalecer o nome da marca, Selvagem, que é mais conhecida simplesmente como catuaba, o tipo de bebida. “Isso acontecia porque a Selvagem é a líder e a precursora da categoria”, afirma Hoffmann.
A Selvagem se vende como a cara da alegria, da espontaneidade e da brasilidade, “tudo a ver com o Carnaval”, diz o executivo. Isso sem falar da fama não comprovada de seu poder afrodisíaco, o que combina com o clima hedonista da festa de Momo. O lançamento do sabor Piña Colada — que substitui o Mel com Limão, lançado em 2017 e que, por sua vez, veio depois do Açaí, de 2016 — demandou o investimento de 25% do orçamento anual da empresa com marketing. Foram feitos dois filmes comerciais com um jingle chiclete, ao estilo do som da cantora Anitta, e uma coreografia que os consumidores são estimulados a aprender.
Nas redes sociais, a hashtag é #piranapina e há o desafio para os “catulovers”, como são chamados os fãs da Selvagem, mandarem os vídeos arriscando os passos. Nego do Borel, David Brasil e Valesca Popozuda já apareceram fazendo a dancinha, nos moldes do “desafio do balde de gelo”. Inclusive, aproveitar as modinhas, memes e virais da internet é o que fez a presença digital da Catuaba Selvagem um case de marketing. Só este ano, por exemplo, eles aproveitaram o bordão “já falei que é na horizontal?” e o meme “Na escala piña colada, como você está se sentindo hoje?”, apresentando várias fotos para o internauta escolher seu astral do dia. Atualmente, são 432 mil fãs no Facebook, quase o dobro que havia na página na mesma época no ano passado, e 17.800 seguidores no Instagram.
Montanha-russa de cerveja
A Skol, da Ambev, é a patrocinadora dos principais carnavais do país. Em São Paulo, a marca contribui com a infraestrutura e organização da festa junto à Prefeitura. Foram abertas 10 mil vagas para o credenciamento de ambulantes, 3 mil a mais que em 2017. A cerveja também patrocina individualmente cerca de 60 blocos e tem um espaço chamado Estação Skol, aberto ao público, localizado no Largo da Batata, zona oeste da cidade, onde é possível tomar banho de glitter biodegradável e andar em uma montanha-russa.
Amstel é o carro-chefe da cervejaria Heineken para o Carnaval do Sudeste – a cerveja foi lançada em São Paulo durante a folia de 2015, e agora, será novidade em Belo Horizonte, durante o feriado. No Nordeste, os esforços de marketing da empresa para a festa são concentrados na marca Schin.