Com corte na produção, bancos projetam petróleo acima de US$ 90 em 2024
A diminuição da produção pode causar um possível déficit na oferta de 670 mil barris por dia em 2023 e 250 mil barris por dia em 2024, alerta o Barclays

O mercado internacional foi surpreendido pela recente escalada no preço do petróleo. Na terça-feira, 5 de setembro, o petróleo Brent atingiu a cifra de 90 dólares por barril – uma alta não vista há 10 meses. Esta onda de valorização foi impulsionada por declarações da Arábia Saudita e Rússia, que confirmaram a extensão dos cortes em sua produção até o término de 2023.
Grandes instituições financeiras globais não demoraram a reajustar suas projeções. O banco francês Société Générale projeta que o Brent pode alcançar os 100 dólares em 2024. Simultaneamente, bancos britânicos como o Standard Chartered e o Barclays também elevaram suas estimativas para valores acima dos 90 dólares nos próximos anos.
Na análise compartilhada pelo Barclays, é ressaltada a desaceleração do crescimento da oferta de países fora da OPEP+, principalmente os Estados Unidos, e a subprodução de membros da OPEP+. O banco britânico ainda alerta para um possível déficit na oferta de 670 mil barris por dia em 2023 e 250 mil barris por dia em 2024. Uma recomendação do Barclays é operar comprado no spread de chamada entre US$ 90 a US$ 95 por barril no contrato Brent de janeiro de 2024.
Em junho deste ano, a OPEP+ optou por reduzir a produção em 1,4 milhão de barris diários até janeiro de 2024. Além disso, a Arábia Saudita, um dos maiores produtores globais, também decidiu um corte voluntário, retirando mais 1 milhão de barris diários do mercado. Estima-se que a produção global, que hoje se situa em 40,46 milhões de barris diários, atinja 38,81 milhões em 2024. Adicionalmente, a demanda por energia em nações europeias e nos Estados Unidos tem sinais de aumento, superando as expectativas anteriores.
Este ambiente econômico, marcado pelo preço crescente do petróleo, pode trazer desafios significativos para os bancos centrais, que já batalham para controlar a inflação. No Brasil, esse cenário de alta pressiona a Petrobras, que enfrenta desafios relacionados ao preço dos combustíveis após a mudança na política de preços. A empresa tem importado combustível a custos mais altos do que os praticados no mercado interno, o que pode comprometer a sua saúde financeira. Além disso, os preços estabelecidos pela companhia acabam desmotivando importadores privados, o que agrava a dependência da empresa. No segundo trimestre deste ano, a Petrobras registrou uma importação diária de 52 milhões de litros de gasolina, um aumento acentuado de 642,9% em comparação ao ano anterior.