Com anúncio do Fed, Ibovespa fecha acima dos 105 mil pontos
Bolsa brasileira fechou no maior patamar desde março, antes do derretimento dos mercados causado pelo coronavírus

Correspondendo às expectativas dos economistas e analistas do mercado, nesta quarta-feira 29 o Federal Reserve, o banco central americano, anunciou que manterá a taxa de juros americana nos patamares atuais, ou seja, próximas a zero, e que dará continuidade ao programa de estímulos governamentais até que a economia se recupere completamente. Respaldada no anúncio do Fed, a bolsa brasileira subiu. O Ibovespa, principal índice acionário do país ultrapassou pela primeira vez desde março a marca dos 105 mil pontos. A alta foi de 1,44%, a 105.605 pontos, potencializada também pela divulgação dos balanços de empresas no 2º trimestre.
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“A fala do Fed dá sustentação à bolsa nacional uma vez que ele se mostra disposto a promover mais medidas de estímulo caso seja necessário. Powell disse, por exemplo, que agora a luta é contra forças deflacionárias, admitindo que a política monetária terá que se manter acomodatícia por mais tempo”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. Em comunicado, o Fed afirma que tem o objetivo de manter a inflação da economia americana em até 2%. A alta do Ibovespa acompanhou as bolsas americanas. O Dow Jones fechou em alta de 0,61%, a 26.539 pontos, enquanto o S&P 500 teve alta de 1,24%, a 3.258 pontos. O dólar comercial, por sua vez, fechou em alta de 0,35%, a 5,17 reais.
O discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, manteve o tom de cautela, seguindo a linha dos anúncios das principais autoridades monetárias. Powell falou que, apesar de um terço dos empregos perdidos terem sido recuperados, os patamares dos postos de trabalho estão muito distantes do cenário pré-pandemia. Por isso, garantiu que o acesso ao crédito continuará sendo prioritário. “Sem acesso ao crédito as famílias vão ter de deixar suas casas e as empresas podem fechar. Preservar o crédito é essencial para minimizar os danos à economia”, disse, dando uma sinalização esperada pelo mercado.
Além dos programas de incentivo pelo Tesouro, o Fed publicou em comunicado separadamente que manterá “suas linhas temporárias de swap de liquidez em dólares e o mecanismo de recompra temporário para autoridades monetárias estrangeiras e internacionais” até 31 de março de 2021. Estabelecidos no início da crise da Covid-19, esses mecanismos “ajudarão a sustentar melhorias recentes nos mercados globais de financiamento em dólares dos EUA, mantendo esses importantes indicadores de liquidez”, diz o comunicado. Essa extensão permite fornecer até 60 bilhões de dólares para cada um de nove bancos centrais anunciados anteriormente, entre eles o Banco do Brasil. “A fala de Powell no tocante a prover o necessário para que a economia americana se mantenha fortalecida deu sustentação ao dólar perante divisas emergentes, como o real e o peso mexicano”, Arbetman, da Ativa.