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CCJ do Senado aprova relatório da tributária; texto segue para plenário

Proposta prevê a criação de um IVA Dual em substituição dos impostos sobre o consumo

Por Larissa Quintino Atualizado em 7 nov 2023, 16h02 - Publicado em 7 nov 2023, 15h58

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal aprovou nesta terça-feira, 7, o relatório da Reforma Tributária por 20 votos favoráveis a 6 contrários. Com isso, a pauta histórica sobre a simplificação dos impostos sobre o consumo, vai para o plenário no Senado Federal. A expectativa é votar a matéria ainda nesta semana. O texto precisa ser analisado em 2 turnos para ser aprovado. São necessários ao menos 49 votos.

A matéria propõe um modelo de  Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual — que une uma série de impostos sob uma mesma legislação, que será dividida entre a União, estados e municípios.

Pela proposta, serão criados o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituirá o ICMS dos estados e o ISS dos municípios; e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que vai unificar os tributos federais: PIS, Cofins e IPI, com base ampla e não cumulatividade na cadeia de produção – isto é, sem tributação em cascata. O imposto será cobrado no destino, ou seja, onde o bem ou serviço será consumido, e não na origem, como é hoje.

Haverá uma alíquota-padrão e outra diferenciada, para atender setores como o da saúde. No caso da alíquota geral, o percentual será definido por lei complementar, após a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC). O Ministério da Fazenda divulgou um estudo em que o percentual ficaria entre 25,45% a 27%. Após as alterações feitas pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), relator da proposta, o ministro Fernando Haddad afirmou que essa alíquota base pode subir mais meio ponto, neste caso, chegaria a até 27,5%.

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Nessa terça-feira, Braga modificou, mais uma vez, o relatório. O senador acatou 247 emendas das 771 recebidas de senadores e aumentou as exceções já previstas. Em uma das mudanças, Braga incluiu os gastos com botijão de gás no sistema de ‘cashback‘ para famílias de baixa renda. “Conversamos todos os senadores da CCJ, ampliamos os debates com os senadores que compõem o plenário, e buscamos fazer a complementação de voto para que pudéssemos encontrar o texto que representasse a imensa maioria da vontade dos senadores, tanto na CCJ como no plenário”, disse Braga. Ele classificou as modificações como “ajustes pontuais”.

O que muda

Além do IBS/CBS, a reforma tributária também estabelece o Imposto Seletivo (IS), que será uma espécie de sobretaxa sobre produtos e serviços que prejudiquem a saúde ou o meio ambiente — conhecido popularmente como “Imposto do Pecado”. A Zona Franca de Manaus e o Simples continuariam como exceções ao sistema, mantendo suas regras atuais. No caso dos regimes diferenciados, além de saúde e educação, o senador Eduardo Braga incluiu entre as exceções os seguintes setores: serviços de saneamento e de concessão de rodovias, telecomunicações, agências de viagem e turismo, e transporte coletivo de passageiros rodoviários intermunicipal e interestadual, ferroviário, hidroviário e aéreo. Os regimes diferenciados terão alíquota reduzida em 60%. Braga também criou um desconto de 30% para profissionais liberais, como médicos e advogados. 

Como a reforma afeta a capacidade tributária dos estados e as diferenças de impacto do imposto sobre diferentes setores do consumo, a proposta cria uma série de ferramentas para compensação. Entre elas está o cashback. A emenda constitucional prevê a implantação de um sistema de devolução de parte do imposto pago. As faixas da população que seriam beneficiadas e o funcionamento do mecanismo serão definidos por uma lei complementar futura, mas a ideia é que esse sistema compense a desoneração da cesta básica e seja focado em famílias de baixa renda. 

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No caso dos fundos, há a previsão de criação de um Fundo de Desenvolvimento Regional para compensar o fim da guerra fiscal. Esse fundo será criado com recursos da União para promover regiões menos desenvolvidas. Ao todo, serão 60 bilhões destinados ao fundo até 2044. 

A reforma prevê transição das regras. A transição federativa deve durar entre 40 e 50 anos, para manter a arrecadação da União, dos estados e municípios. Sem a transição, estados e municípios “produtores” seriam prejudicados com a cobrança do IBS no local de consumo. Já a transição dos tributos, prevista para cerca de cinco anos, terá o objetivo de calibrar as alíquotas, de forma a manter a carga tributária. 

Tramitação

A PEC 45 está em discussão no Congresso desde 2019, quando foi apresentada a proposta de autoria do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), com base em estudos do tributarista Bernard Appy, hoje secretário especial da Reforma Tributária no Ministério da Fazenda. Ao mesmo tempo que a PEC que previa um sistema de IVA estava na Câmara, o Senado discutia uma proposta semelhante, com base em um texto do deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), propondo um IVA dual.

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Entre muitas idas e vindas, a proposta — prevista para andar depois da aprovação da PEC da Previdência –, travou. Em 2021, o Ministério da Economia enviou ao Congresso um projeto para a unificação de impostos federais, a CBS, que está no relatório da PEC. As discussões continuaram na Câmara e no Senado, andando de lado, até que neste ano, após a eleição, criou-se um grupo de trabalho da tributária para juntar ambas as PECs – texto esse que foi aprovado pela Câmara em julho e há a expectativa de destravar no Senado ainda esta semana.

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