Carta ao Leitor: Motores que não param e trazem ganhos a empresa e consumidores
Investimentos que trazem mais competição ao mercado e aumento de produtividade conduzem a um ambiente de desenvolvimento econômico

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística trouxe dados mostrando que a agropecuária puxou a expansão de 1,4% registrada no produto interno bruto no primeiro trimestre. A riqueza agregada diretamente pelo campo aumentou 12,2%, ante os três meses anteriores, enquanto os serviços avançaram 0,3% e a indústria recuou 0,1%. Sabe-se que a agropecuária é o epicentro de uma cadeia mais ampla, a do agronegócio, que inclui insumos, processamento, equipamentos, comércio, logística, serviços financeiros e outras atividades. Esse conjunto contribuiu com 23% do PIB em 2024, e com sua pujança tem sido há tempos o principal propulsor da economia brasileira. Os números do início do ano foram apenas mais uma demonstração do protagonismo.
As fazendas estão prestes a dar outra prova da sua vitalidade com a confirmação de mais um recorde na colheita de grãos: a projeção é de 336 milhões de toneladas. Esse é o tema da reportagem “O campo se supera. De novo”, que se inicia na página 18. Ali se vê que a modernização, com emprego crescente de tecnologias que hoje já abrangem robótica, inteligência artificial, drones e controle biológico de pragas, tem sido um fator decisivo para produzir com pouca ampliação do uso de terras — dando um exemplo de evolução com produtividade (triplicada em quarenta anos) que o Brasil precisa replicar em outras frentes. Isso ocorre a despeito de o setor sofrer com conhecidas mazelas, como infraestrutura, armazenagem e seguro rural insuficientes.

Outro fator relevante para os resultados do agro é sua abertura à competição. Que o digam os agricultores franceses, temerosos da competitividade brasileira a ponto de atravancarem a assinatura de um acordo Mercosul-União Europeia. Pois concorrência é o que se verá crescer com os investimentos que a chinesa DiDi, dona do app de transporte 99, fará para posicionar sua 99Food frente a frente com o iFood, hegemônico no mercado nacional de delivery até agora. A reportagem de capa, “A corrida das entregas” (pág. 28), trata dessa disputa, que esquentará com mais investimentos globais bilionários chegando por aqui. Ganhos para restaurantes, entregadores e consumidores são esperados. Nada como uma dose de capitalismo.
Publicado em VEJA, junho de 2025, edição VEJA Negócios nº 15