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Carta ao Leitor: A grande questão

Cenário econômico internacional e peso da eleição presidencial de 2022 devem influenciar de forma decisiva a cotação do dólar nos próximos 18 meses

Por Redação Atualizado em 4 jun 2024, 13h44 - Publicado em 28 Maio 2021, 06h00

Dois episódios no século XX foram decisivos para que o mundo chegasse ao modelo que hoje regulamenta as finanças globais, o comércio e o sistema de pagamentos entre países. O primeiro foi o acordo de Bretton Woods, firmado em 1944 entre 44 nações e que deu origem ao Banco Mundial, ao Fundo Monetário Internacional e estabeleceu o dólar como moeda de referência nas transações globais. O segundo episódio ocorreu 27 anos depois, quando o presidente dos Estados Unidos à época, Richard Nixon, aboliu o padrão ouro, que lastreava a moeda americana, e estabeleceu um modelo flutuante, balizado pelo crescimento e pela solidez da economia dos Estados Unidos em relação às demais. Foi um atalho para disseminar o uso da divisa do país pelo planeta, a ponto de ser adotada como moeda oficial ou paralela em nações de economia mais vulnerável.

No Brasil, juntar reservas em dólar ou simplesmente acompanhar o câmbio são práticas extremamente familiares há décadas. Um hábito que se fortaleceu ainda mais a partir de 1994, quando o fim da hiperinflação e a chegada do real abriram perspectivas inéditas com a paridade de 1 para 1 entre as duas moedas. Eram tempos em que um novo mundo de consumo de produtos importados e viagens ao exterior tornou-se acessível à classe média e incluiu entre as aspirações nacionais o desejo de inserção plena e irrestrita no grupo das nações desenvolvidas. Obviamente, a influência do dólar vai muito além das visitas à Disney ou do chocolate suíço na despensa doméstica. O valor da moeda americana impacta nos investimentos internacionais, na competitividade das exportações, no preço das commodities e das matérias-primas industriais e, em última análise, no custo de bens e produtos — de computadores e auto­mó­veis a sacos de arroz. Daí a descomunal importância de saber para onde ele caminha. Nos últimos anos, a resposta tem sido cristalina: para cima. A moeda saltou de 3,25 reais em dezembro de 2016 para 5,35 na semana passada, tendo quase atingido a casa dos 6 reais recentemente.

Na reportagem que começa na página 42, VEJA analisa os fatores que podem influenciar a cotação do dólar nos próximos dezoito meses e traz uma pesquisa com os principais analistas do setor no país sobre o comportamento futuro da moeda americana. A maioria dos entrevistados acredita que o câmbio oscilará dentro da faixa de 5 a 6 reais (alguns mais otimistas dizem que ele cairá a 4,80). Como motores de explosão ou retração, dois aspectos terão um peso determinante nessa trajetória. Um é o cenário econômico internacional. Assim como a teoria que diz que um bater de asas de borboleta na China pode provocar um tufão na Califórnia, o valor do dólar pode variar a partir de condições tão distintas como o bom (ou mau) humor dos potentados árabes produtores de petróleo ou os desejos dos consumidores do mundo desenvolvido. A outra frente diz respeito às circunstâncias nacionais, com um peso considerável para a eleição do ano que vem. Evidentemente, só o tempo vai responder a essa grande questão. Mas as reflexões sobre os possíveis cenários já são fascinantes — e indispensáveis. Boa leitura.

Publicado em VEJA de 02 de junho de 2021, edição nº 2740

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