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Câmeras inteligentes viram aliadas da eficiência nos negócios

Equipamentos integrados à inteligência artificial passam a gerar dados fundamentais para setores como varejo, indústria, finanças e agronegócio

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 29 ago 2025, 06h50 - Publicado em 29 ago 2025, 06h00

As tradicionais câmeras de segurança ganharam novos usos. Elas continuam mapeando riscos e melhorando o desempenho das portarias de estabelecimentos comerciais e residenciais, mas agora assumiram funções muito mais amplas. “Se antes as câmeras serviam apenas para registrar imagens, hoje elas se tornaram sensores inteligentes, capazes de interpretar o ambiente, identificar riscos e gerar alertas em tempo real”, afirma André Prado, presidente da Emive, empresa que atua no mercado de segurança desde 1991 e possui uma carteira com mais de 140 000 clientes. Segundo Prado, em vez de apenas registrar o que acontece, as câmeras atuam agora como dispositivos inteligentes, capazes de entender o que está se passando e, em alguns casos, até sugerir o que fazer — 24 horas por dia, sete dias por semana. A chave para isso é a integração com a inteligência artificial (IA), que deixou de ser uma promessa futurista para se tornar parte da rotina das empresas. É o que se observa em diversos setores da economia que já aderiram a essa tendência. Na indústria, a tecnologia pode melhorar a eficiência e a precisão de linhas de montagem, informando rapidamente sobre possíveis falhas nas máquinas. Também monitora a utilização correta de equipamentos de segurança e orienta ajustes para aumentar a produtividade.

André Prado, CEO da Emive: dispositivos que até sugerem o que fazer
André Prado, CEO da Emive: dispositivos que até sugerem o que fazer (./Divulgação)

Na logística, as câmeras inteligentes fortalecem a capacidade de avaliar o desempenho dos motoristas, valorizando aqueles que seguem as melhores práticas e ajudando a desenvolver estratégias de treinamento personalizado, voltado para casos que demandem atenção. Em todas essas situações, atuam como uma espécie de manutenção preventiva automatizada, baseada na análise ágil das imagens em tempo real. No varejo, permitem monitorar a movimentação de clientes, além de detectar filas e sugerir a abertura de novos caixas com base no tempo de espera. Também ampliam o alcance das ações de marketing, ao gerar dados qualificados sobre os produtos que despertam maior interesse dos consumidores. Com insights diários sobre quantas pessoas entraram nas lojas, os horários de pico, o perfil do público e o tempo de permanência, os sistemas de segurança se transformam em ferramentas de inteligência de negócios.

Outros setores também podem tirar proveito da tecnologia. Nas fazendas, as câmeras possibilitam o monitoramento das lavouras e das áreas de criação de animais, gerando informações para o uso mais eficiente dos insumos. No setor da saúde, podem ser usadas para o acompanhamento remoto de idosos, gerando alertas automaticamente em caso de incidentes, como quedas.

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Essas aplicações já trazem resultados práticos para empresas que adotaram soluções integradas em suas diferentes áreas. “Com a aplicação da IA, as câmeras se transformam em sensores de metadados. Mas, para isso, é essencial que essas soluções operem de forma integrada, oferecendo tudo o que o cliente precisa em um único projeto personalizado”, afirma Leandro Eustáquio, gerente da área de segurança eletrônica da catarinense Intelbras. A empresa mantém, em São José, na região metropolitana de Florianópolis, um centro de pesquisa e desenvolvimento com mais de 500 profissionais que trabalham na criação de soluções e na adaptação de tecnologias para o mercado brasileiro.

Os casos de uso das câmeras inteligentes vêm se multiplicando. A mineradora Anglo American utiliza uma rede de câmeras inteligentes para supervisionar o mineroduto Minas-Rio, o maior do mundo, com 529 quilômetros de extensão, de Conceição do Mato Dentro (MG) até o Porto do Açu, em São João da Barra (RJ). “As imagens geradas ao longo do percurso são enviadas para nossos dois centros de monitoramento, que mapeiam atividades não autorizadas nos arredores do mineroduto. Seria inviável monitorar presencialmente uma operação de tamanha extensão”, afirma Rômulo Diniz, gerente de segurança empresarial da Anglo American. A companhia também utiliza sensores inteligentes acoplados a câmeras em outras áreas, incluindo as tradicionais portarias, mas também na gestão de entradas e saídas de funcionários, fornecendo informações para a área de recursos humanos.

Anglo American: a tecnologia identifica atividades não autorizadas
Anglo American: a tecnologia identifica atividades não autorizadas (Anglo American/Divulgação)
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Em outro cenário, bastante distinto — o de uma ampla rede de agências bancárias e escritórios físicos distribuídos por centenas de cidades —, os diferenciais das câmeras inteligentes incluem a capacidade de criar mapas de calor que identificam os locais de maior circulação de pessoas. É o que faz o banco Santander, que criou mecanismos de mitigação de riscos para as agências. “Nosso sistema indica se o cofre está aberto há muito tempo, se há notas de dinheiro espalhadas ou um notebook corporativo sem uso sobre uma mesa. Mas também aponta áreas da agência com potencial para melhor aproveitamento no atendimento aos clientes”, diz Alan Fernandes, gerente de segurança corporativa. O banco espanhol mantém, no Brasil, cerca de 50 000 câmeras em suas instalações. Elas são utilizadas para preservar os equipamentos da companhia e ajudam a reduzir incidentes envolvendo ataques a caixas eletrônicos, além de apoiar diversas outras operações, como a segurança dos centros de dados.

Na rede de supermercados Giassi, que tem 25 lojas em Santa Catarina, o número de câmeras disparou nos últimos anos. Antes, a varejista utilizava dezesseis câmeras em uma área de vendas de 9 000 metros quadrados — uma para cada 560 metros quadrados. Hoje, utiliza 200 câmeras em lojas de 3 000 metros quadrados — uma a cada 15 metros quadrados. Essa densidade maior é necessária porque as câmeras não servem mais só para vigiar, mas para gerar dados de negócio em tempo real. “O sistema de monitoramento é peça fundamental no nosso negócio”, diz Ederson Fernandes, gerente de prevenção de perdas. A disposição de produtos nas prateleiras, o uso de equipamentos de segurança pelos profissionais e o controle das áreas frias — tudo é monitorado. Se mais de quatro pessoas estão na fila de um caixa, o sistema automaticamente dispara um alerta.

Santander: o banco tem cerca de 50 000 câmeras em suas instalações
Santander: o banco tem cerca de 50 000 câmeras em suas instalações (Andrey Rudakov/Bloomberg/Getty Images)
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A análise das imagens na rede Giassi também contribui para valorizar as lojas mais eficientes e recomendar melhorias àquelas com desempenho abaixo do esperado. “Não precisamos mais que um gerente informe que prateleiras não foram devidamente repostas ou que os caixas estão desfalcados. Agora identificamos esses problemas em tempo real, comparamos com o desempenho de outras lojas da mesma área e sugerimos melhorias”, diz Fernandes.

Aproveitando o cenário favorável, o setor de segurança eletrônica segue em alta: depois de alcançar um faturamento de 14 bilhões de reais em 2024 — avanço de 16% em relação ao ano anterior — deve crescer mais 24% em 2025, segundo a previsão da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese). “A IA chegou para impulsionar a capacidade de análise de dados das centrais de monitoramento. O setor está sendo transformado por esse novo cenário e já busca um perfil diferente de profissionais, habilitados para gerenciar dados”, diz Selma Migliori, presidente da Abese. Com o apoio de sistemas de câmeras inteligentes e ultraconectadas, a segurança tende a se tornar cada vez mais sinônimo de eficiência operacional.

Publicado em VEJA, agosto de 2025, edição VEJA Negócios nº 17

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